Pergunta:
Relativamente a um esclarecimento de 1999, parece-me que não está em conformidade com a informação do Dicionário Terminológico:
«Verbo cuja flexão se afasta da flexão do paradigma a que pertence. As irregularidades podem afectar o radical ou os sufixos de flexão. Algumas irregularidades são meramente gráficas. Nos verbos irregulares há formas regulares. Exemplos posso/podes/podemos – medir/meço/medisse – ficar/fiquei – caçar/cacei – chegar/cheguei».
Estarei errada?
Desde já, a minha gratidão.
Resposta:
A rigor, caçar e chegar não são verbos irregulares, embora se compreenda que, no contexto escolar, estes possam ser considerados como tal.
O Dicionário Terminológico parece realmente sugerir que casos como os de caçar/cacei e chegar/cheguei se incluem entre os irregulares. Não é o que faz a tradição gramatical, pelo menos, a que é seguida por Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1984, pág. 411/412):
«É necessário não confundir irregularidade verbal com certas discordâncias gráficas que aparecem em formas do mesmo verbo e que visam apenas a indicar-lhe a uniformidade de pronúncia dentro das convenções do nosso sistema de escrita. Assim:
a) os verbos da 1.ª conjugação cujos radicais terminem em -c, -ç e -g mudam estas letras, respectivamente, em -qu, -c e -gu sempre que se lhes segue um -e:
ficar – fiquei
justiçar – justicei
chegar – cheguei
b) os verbos da 2.ª e da 3.ª conjugação cujos radicais terminem em -c, -g e -gu mudam tais letras, respectivamente, em -ç, -j e -g sempre que se lhes segue um -o ou um -a:
vencer – venço – vença
tanger – tanjo – tanja
erguer – ergo – erga
restringir