Carlos Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Rocha
Carlos Rocha
1M

Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Linguística pela mesma faculdade e doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacado para o efeito pelo Ministério da Educação português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual é a origem do nome Arnaldo?

Resposta:

É um nome que tem origem germânica, isto é, foi formado com elementos vocabulares de línguas da mesma família que o alemão ou o neerlandês. Segundo o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, Arnaldo é nome que apareceu em português por transmissão de uma forma francesa (Arnaut) ou italiana (Arnaldo), com origem numa expressão do antigo alto-alemão: arin (= «águia») + waldan (= «governar»), ou seja, «águia forte» ou, ainda, «poder da águia», conforme se propõe no portal Behind the Name (em inglês, informação sobre Arnold, nome cognato de Arnaldo).

Pergunta:

O que é iode? De onde surgiu?

Resposta:

É um termo usado em estudos especializados, no âmbito da investigação em linguística, para designar uma semiconsoante ou semivogal palatal, como o i de iate. Segundo o Dicionário Houaiss, o iode é uma «semiconsoante ou semivogal que compõe ditongos crescentes ou decrescentes, como nas palavras do português iaiá e jeito». Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, o termo terá surgido em português talvez na segunda metade do século XIX, como adaptação do francês yod, por sua vez, originário do alemão, «[...] que exportou o vocábulo com as obras de glotologia germânica» (glotologia = linguística). A mesma fonte observa que o termo tem origem ainda mais recuada, visto que era o «[...] nome da 10.ª letra do alfabeto fenício primitivo».

Pergunta:

Qual o processo de formação presente na palavra plastisfera?

Resposta:

Plastisfera é uma amálgama formada pela truncação plasti-, de plástico, e (e)sfera, «globo», seguindo o modelo do inglês plastisphere. O termo designa um ecossistema marinho caracterizado pela presença de desperdícios plásticos em grandes áreas oceânicas.

Pergunta:

O verbo comprazer-se rege qual das preposições – a ou em («Ele compraz-se em/a humilhar os outros»)?

Resposta:

Com infinitivos, o verbo comprazer, usado com pronome reflexo, seleciona a preposição em: «Ele compraz-se em humilhar os outros» (cf. Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses, Texto Editora, 2007).

Pergunta:

Gostaria de saber se o termo backup pode ser utilizado em língua portuguesa e se existe algum sinónimo.

Muito obrigada.

Resposta:

O empréstimo de origem inglesa backup é usado na gíria informática e pode dizer-se que já faz parte da língua portuguesa, porque os dicionários o registam (ver Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). O Dicionário Houaiss (edição brasileira, 2001) tem até como entrada o aportuguesamento becape. No entanto, existem propostas de termos equivalentes em português, de configuração mais vernácula:

– «cópia de segurança»: é expressão que faz parte da própria definição de backup no dicionário da Porto Editora;

– salvaguarda: é termo proposto pelo Glossário da Sociedade da Informação (2011), embora não pareça ter-se generalizado.

Cf. 8 palavras que os ingleses nos roubaram