Pergunta:
Como saber que um nome é derivado de um verbo? Há alguma regra específica? Há nomes deverbais que selecionam complemento do nome. Por exemplo, na frase «a construção da ponte foi rápida», está presente um complemento do nome, «da ponte» , selecionado pelo nome construção. E na expressão «a morte do estrangeiro foi injusta», o segmento «do estrangeiro» é complemento do nome? Se sim, porquê? Morte é um nome deverbal? Ou trata-se de um modificador de nome restritivo?
Resposta:
Na expressão a «morte do estrangeiro», o sintagma «do estrangeiro» é complemento do nome morte. Neste caso, a formação da palavra e a sua relação morfológica com o verbo morrer podem explicar-se sobretudo numa perspetiva histórica, remontando ao latim ou até antes. Mesmo assim, numa perspetiva do funcionamento sincrónico do português contemporâneo, é legítimo considerar que ao nome morte se associa um grupo preposicional («morte do estrangeiro») cujo papel semântico é muito semelhante ao da expressão (argumento) que é sujeito do verbo correspondente, morrer («o estrangeiro morreu»).
A Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pág. 1048/1049) assinala que se chamam «nomes eventivos» a todos os nomes que «representam situações que se localizam no espaço e no tempo», que "ocorrem" ou "acontecem"»; ou seja, existe um conjunto de verbos que tem como elementos mais típicos os nomes deverbais (os nomes que derivam de temas verbais), mas que pode integrar outros nomes, como observa a referida fonte:
«Para além dos nomes deverbais, há outros nomes que representam situações ou eventos localizados temporal e espacialmente; pense-se em substantivos como bodas (cf. o deverbal casamento), concerto, cortejo, doença, espetáculo, evento, férias, tempestade e até noite e dia. Alguns destes nomes podem ocorrer com expressões que correspondem semanticamente a argumentos (a adjuntos adverbiais): cf. as bodas do Pedro e da Lídia (comparar com o Pedro e a Lídia casaram-se) ou um ...