Pergunta:
Tenho algumas dúvidas sobre a formação do feminino do nome tigre. Já consultei algumas gramáticas e dicionários que apontam para «tigre fêmea» como sendo a forma correta (como é o caso da Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha). No entanto, em alguns casos, também se verifica a forma tigresa como sendo o feminino de tigre. Devo aceitar tigresa como feminino de tigre?
Resposta:
Pode aceitar-se a forma tigresa, mas deve ter-se em atenção que, até agora, ela é sobretudo registada pela lexicografia do Brasil – o que não quer dizer que o vocábulo tenha uso generalizado entre falantes brasileiros. Com efeito, há vários dicionários elaborados no Brasil (cf. Dicionário Houaiss, dicionário Aurélio XXI, Dicionário UNESP do Português Contemporâneo, Dicionário Aulete Digital)2 que acolhem tigresa como feminino de tigre. Porém, nos dicionários e vocabulários ortográficos3 elaborados em Portugal, a palavra nem sempre aparece; quando é registada, pode não ser acompanhada de qualquer marca de uso (caso do Vocabulário Ortográfico do Português e do dicionário Priberam) ou acontece ser classificada como brasileirismo (dicionário da Porto Editora e dicionário de José Pedro Machado). Tudo isto leva a crer que, em Portugal – e, depreende-se, nos outros países de língua portuguesa que, até aqui, se baseiam na norma lusitana contemporânea –, não se emprega tigresa4 como feminino de tigre e que, querendo especificar género, tigre-fêmea é a palavra que ocorre.
1 Observe-se que, no Dicionário de Usos do Português do Brasil (São Paulo, Ática, 2002), cujas atestações são retiradas de textos contemporâneos brasileiros, muitas vezes não literários, não consta a entrada tigresa, nem esta é forma contemplada no verbete correspondente a tigre. A ausência...