Carla Viana - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carla Viana
Carla Viana
29K

Carla Viana é licenciada em Linguística e mestranda em Linguística Computacional pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

 

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Em pesquisa junto ao dicionário, procurei verificar o plural da palavra contrafé, porém não o localizei. Gostaria de confirmar se realmente este vocábulo não possui desinência do plural. (Se possível, gostaria de receber a explicação gramatical completa que justifique a resposta.)

No aguardo, sou grato pela atenção recebida.

Resposta:

O substantivo feminino comum contrafé é um termo jurídico e refere-se a uma cópia autêntica de uma citação ou intimação judicial, cumprida por um oficial de justiça, e entregue à pessoa citada ou intimada. O seu plural é contrafés, seguindo a regra geral de formação do plural: o plural dos substantivos terminados em vogal forma-se acrescentando um -s ao singular:

contrafé + -s.

Pergunta:

Será que me podiam ajudar relativamente aos processos de criação lexical existentes e se me poderiam descrever e exemplificá-los, por favor?

Resposta:

Os processos de criação ou formação de palavras existentes em português são:1

afixação (derivação e modificação);

conversão (derivação regressiva e derivação imprópria);

composição (morfológica, morfossintáctica).

A afixação é o processo em que se associa um afixo a uma forma de base permitindo a formação de uma palavra. A afixação pode ocorrer por derivação ou modificação. A derivação designa o processo de formação de palavras através de um afixo derivacional (prefixo ou sufixo que determina as propriedades morfossintácticas, como a classe a), o género dos nomes b), o tipo de conjugação dos verbos c), da forma de base em que ocorre):

a) [an]o                             anual

radical nominal                     adjectivo

b) [ram]o                            ramagem

radical nominal masculino       nome feminino

c) [ferv]<...

Pergunta:

Gostaria de saber se existe aumentativo e diminutivo da palavra saudade.

Resposta:

O substantivo abstracto saudade pode apresentar o diminutivo saudadinha ou saudadezinha. No entanto, julgo que seja mais comum a utilização da forma diminutiva -inha no plural, ou seja, saudadinhas. A forma saudades no plural refere-se a «cumprimentos amigáveis de quem sente ou diz sentir a falta de outrem».

O aumentativo é, em princípio, a forma saudadona (no plural saudadonas), que só pontualmente é usado.

Pergunta:

Qual o feminino de guinéu-equatoriano? "Guineia-equatoriana"? Ou "guinéu-equatoriana"?

Obrigada.

Resposta:

A forma guinéu-equatoriano, que se refere a alguém ou algo que é «relativo à República da Guiné Equatorial (África ocidental) ou o que é seu natural ou habitante», é um composto morfológico de coordenação e ocorre quando os radicais da palavra composta apresentam um estatuto idêntico, contribuindo de igual modo para a interpretação semântica da palavra. Nestes compostos a flexão de número e o contraste de género ocorre no final da palavra:

feminino — guinéu-equatoriana

plural — guinéu-equatorianos

N. E. (15/07/2016) – O Código de Redação Interinstitucional para o uso do português na União Europeu regista equato-guineense, que é aplicável aos dois géneros e se afigura boa alternativa a guinéu-equatoriano; também o dicionário da Porto Editora e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, consignam equato-guineense, apesar de ambos acolherem paralelamente guinéu-equatoriano. Observe-se que na forma de feminino guinéu-equatoriana, registada no Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) e no Vocabulário Ortográfico Comum, não varia o adjetivo guinéu, embora o feminino cor...

Pergunta:

Como é o grau superlativo absoluto sintético da palavra más?

Resposta:

O adjectivo mau, além da forma irregular no grau superlativo absoluto sintético, a forma péssimo, apresenta também a forma regular malíssimo. Assim, para o feminino plural más, o grau superlativo absoluto sintético é péssimas, sendo também utilizada a forma regular malíssimas.