Pergunta:
Minha dúvida tem a ver com o cabimento da derivação prefixal com in na formação do antônimo de intencional. Nas consultas de Internet que realizei, encontrei registros da palavra "inintencional". Sem embargo fontes mais autorizadas e confiáveis navegam em sentido oposto. Não me vem à cabeça nenhuma razão obstante de tal formação, haja vista encontrarmo-la em (in)inteligível, (in)obstante, (in)imputável, para ficar nalguns exemplos apenas. Afinal, é válida ou não a palavra?
Agradeço desde já o esclarecimento da questão formulada.
Resposta:
Tal como o consulente, também não encontrei nas fontes consultadas registo da palavra inintencional. Contudo, o Dicionário Priberam e o Dicionário Eletrônico Houaiss registam a palavra desintencional.
Sobre o prefixo des-, o Dicionário Houaiss diz tratar-se «de forma vernácula, extremamente prolífico, sobre o qual comenta J. P. Machado: "De indubitável origem latina, não se esclareceu ainda definitivamente de que palavra ou locução; há duas sugestões: dis-, para uns; de ex, para outros (...)"; exprime sobretudo:
1) oposição, negação ou falta: desabrigo, desamor, desarmonia, desconfiança, descortês, desleal, desproporção, dessaboroso;
2) separação, afastamento: descascar, desembolsar, desenterrar, desmascarar;
3) aumento, reforço, intensidade: desafastar, desaliviar, desapartar, desferir, desinfeliz, desinquieto».
O prefixo in-, por seu lado, pode referir:
— privação ou negação: ilegal, inativo, impermeável.
— movimento para dentro: induzir, imiscuir-se.
Note-se, portanto, que des- e in- não têm exatamente o mesmo significado, mas convergem quando ambos exprimem negação (descontente = «não contente»; infeliz = «não feliz»). A forma inintencional afigura-se, portanto, aceitáve...