Ana Martins - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Ana Martins
Ana Martins
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Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e licenciada em Línguas Modernas – Estudos Anglo-Americanos, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Mestra e doutora em Linguística Portuguesa, desenvolveu projeto de pós-doutoramento em aquisição de L2 dedicado ao estudo de processos de retextualização para fins de produção de materiais de ensino em PL2 – tais como  A Textualização da Viagem: Relato vs. Enunciação, Uma Abordagem Enunciativa (2010), Gramática Aplicada - Língua Portuguesa – 3.º Ciclo do Ensino Básico (2011) e de versões adaptadas de clássicos da literatura portuguesa para aprendentes de Português-Língua Estrangeira.Também é autora de adaptações de obras literárias portuguesas para estrangeiros: Amor de Perdição, PeregrinaçãoA Cidade e as Serras. É ainda autora da coleção Contos com Nível, um conjunto de volumes de contos originais, cada um destinado a um nível de proficiência. Consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Segundo o novo acordo ortográfico, os meses e as estações do ano passam a escrever-se com inicial minúscula. Então deixam de ser considerados nomes próprios e passam a ser nomes comuns?

Resposta:

O texto do Acordo Ortográfico não faz determinações quanto à classificação morfossintáctica das palavras, apenas a pressupõe. No caso das palavras designativas de período de tempo cronológico, da área lexical de calendário, a pressuposição é fraca, dado que, no Acordo de 1945, o nome segunda-feita é grafado com inicial minúscula, e Janeiro, com inicial maiúscula.

No novo Acordo as iniciais maiúsculas ficam reservadas aos nomes próprios de lugares, de pessoas e de entidades mitológicas.

 

Cf. b) da Base XIX: Das Minúsculas e Maiúsculas, do Acordo Ortográfico de 1990.

Pergunta:

Gostaria de saber se a frase «Avisei-te pela última vez!» é agramatical.

Caso seja possível o uso do pronome te com o verbo avisar neste contexto, tem este pronome a função sintáctica de complemento indirecto?

Muito obrigada e continuem com o vosso excelente trabalho!

Resposta:

A frase é gramatical.

Te tem a função de complemento directo. Um teste possível é verificar que, na frase passiva correspondente, o pronome aparece na forma de sujeito: «Tu foste avisado.»

As formas átonas dos pronomes pessoais de 1.ª e 2.ª pessoas são indistinguíveis no complemento directo e no complemento indirecto: me, te, nos, vos.

A arte de titular, seguida de exemplos — um artigo de Ana Martins no Sol.

Há técnica e talento na criação de um bom título de notícia. Muito mais do que o título de um livro, o título de uma notícia determina a decisão de ler ou não ler o texto. O título noticioso tem de ter autonomia, clareza e densidade informativa, gerando no leitor, ainda assim (ou sobretudo porque é assim), a necessidade de ler o corpo da notícia.

Passemos em revista quatro títulos: dois maus e dois bons.

Pergunta:

Não sei se me podem ajudar no tipo de dúvida que tenho. Gostaria de saber como devo referenciar dicionários num texto académico. Tenho dúvidas na forma como se deve fazer a referenciação tanto dentro do texto como na referenciação final. Se calhar, este não é o melhor sitio para colocar esta questão, mas dado que não consigo encontrar nem na bibliografia nem na Net resposta a esta dúvida, arrisco...

Obrigado.

Resposta:

Se se tratar de um artigo a publicar num livro de actas ou numa revista de especialidade, o proponente do artigo é informado acerca das normas de edição específicas para aquela publicação. Ver, por exemplo, normas em vigor na revista Linguística - Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto.

Quando não há nenhuma determinação específica quanto ao modo de efe{#c|}tuar a referência ou a citação, pode aplicar-se o seguinte:

1. Nos dicionários em que se identifica o coordenador ou o(s) autore(s), a referência segue as normas de uma qualquer obra. Ex.:

 

Casteleiro, J. M. (Coord.) 2001 — Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo.
Faria, M. I.; Pericão, M. G. 2008 — Dicionário do Livro, Coimbra, Almedina.

2. Nos dicionários em que não se identifica o coordenador, figura apenas o título do dicionário (e, claro está, data, local de edição e editora):
Dicionário da Língua Portuguesa 2006, Porto, Porto Editora.

Ver exemplos em:

 

Quanto à referência dentro do texto do artigo no caso descrit...

Pergunta:

Sobre a família de palavras do nome paz, pacífico é uma palavra primitiva ou derivada de paz?

Resposta:

Paz (do latim, pax, pacis) é forma de base1 na formação de várias palavras.

Palavras, mais frequentes, da família de paz:

 

pacífico
pacifismo
pacifista
pacificar
pacificador

1Forma de base ou base é o termo genérico que consta do Dicionário Terminológico (ex-TLEBS), para cobrir as noções de radical, tema ou palavra («palavra primitiva» ou «palavra-mãe», na terminologia tradicional).