A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

É correcto dizer-se a palavra "embalão" no contexto de um contentor amarelo para reciclar embalagens?

Assim como dizemos papelão para os papéis, pilhão para as pilhas, é correcto dizer-se "embalão" para as embalagens?

Resposta:

As palavras papelão e pilhão podem servir como modelo para a palavra "embalão". Esta palavra é mais curta do que embalagem, mas, como está relacionada com o verbo embalar, sugere facilmente o que poderá conter. A sua sonoridade, tão própria da língua portuguesa, ajuda também à sua utilização.

Pergunta:

Gostaria de saber qual a origem de Caiolas e de Caiola (sem s) e já agora... Cristina e Cunha!

Obrigada!

Resposta:

Os apelidos Caiola e Caiolas podem estar relacionados: com os topónimos espanhóis Cayuela, em Burgos, ou Las Cayuelas, em Almeria; com o topónimo Cayoelle, garganta nos Alpes; ou, com a ribeira Caiola, afluente do rio Caia.

Cristina é um nome derivado de Cristo. Várias santas tiveram, em comum, o nome Cristina.

O apelido Cunha é frequente em Portugal, no Brasil e na Galiza. Pode estar relacionado com o vocábulo latino reconstruído culina («cozinha») > cuinha > cunha. Em Espanha, existem várias povoações com nomes relacionados com palavras sinónimas de cozinha.

Pergunta:

Qual é o feminino da palavra vândalo?

Resposta:

Dado que a palavra vândalo deriva do latim tardio, é estruturalmente coerente a forma feminina vândala, como bárbaro/bárbara.

Pergunta:

Gostaria de saber o verdadeiro significado do provérbio «Quem em novo não trabalha, em velho come palha».

Resposta:

Se os jovens que não possuem rendimentos pessoais ou familiares não trabalharem e não acumularem bens ou direitos sociais, irão ter, certamente, uma velhice difícil.

Pergunta:

Gostaria de saber, pedindo, desde já, desculpa por poder ser uma repetição a pergunta, qual a origem da palavra bus. É um anglicanismo? Vem do latim, de omnibus (não creio que seja esta palavra, já que, penso, se encontra no dativo ou ablativo do plural, de omni).

Grato pela atenção e parabéns pelo excelente trabalho que têm desenvolvido.

Resposta:

A palavra bus, que é um anglicismo (ou anglicanismo, embora este termo seja menos usado), provém da palavra latina omnibus, que entrou nas línguas modernas por intermédio da língua francesa. Em Portugal, os horários do caminho-de-ferro já indicaram os comboios omnibus como aqueles que paravam em todas as estações e apeadeiros.

No Brasil, a palavra ônibus é usada para os meios de transporte colectivos urbanos de superfície. 

Os ingleses, com o seu sentido prático, reduziram a palavra omnibus a bus.

N. E. (6/1/2017) A forma ônibus (no Brasil)/ónibus (em Portugal e nos PALOP e Timor-Leste) corresponde a uma palavra esdrúxula, ou seja, a uma palavra que tem acento tónico na antepenúltima sílaba. A relação entre ônibus e omnibus explica-se pelo facto de o elemento de composição omni-, que se conserva no português de Portugal (omnipotente, omnisciente), passar a oni- na variedade brasileira (onisciente, onipotente). Outro caso em que, no português do Brasil, a sequência -mn- passa a -n- é o de anistia, que em Portugal é sempre amnistia (ler aqui).

Cf. Diferenças lexicais entre duas variedades da língua portuguesa