A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

A linguagem não verbal é universal?

Resposta:

Embora haja tendência para a universalização da linguagem não verbal, ainda não existe a unificação de todos os códigos de comunicação. Apresentamos dois exemplos:

As regras de trânsito variam de acordo com os diferentes códigos da estrada. Até o movimento das viaturas nas faixas de rodagem pode ser diferente. Nalguns países, a circulação é feita pela direita e, noutros, a circulação é feita pela esquerda. Assim, alguns sinais de trânsito têm de ser forçosamente distintos.

Na linguagem gestual, existem diferenças muito significativas de acordo com os códigos utilizados.

Pergunta:

Gostaria de saber alguns coletivos com sentido pejorativo.

Resposta:

Coletivos com sentido pejorativo

Bando de aves e de ladrões

cáfila de camelos e de malandros

cambada de caranguejos e de malandros

choldra de malandros e malfeitores

corja de vadios e ladrões

farândula de vadios, ladrões, etc.

horda de selvagens agressivos e, nos nossos dias, desordeiros

malta — conjunto de trabalhadores migrantes ou desordeiros

matula — conjunto de jovens ou vadios e desordeiros

quadrilha — conjunto de dançarinos, de investigadores ou de ladrões

(quadrilheiros eram os agentes da autoridade que colhiam informações para a segurança das cidades)

súcia — conjunto de velhacos

tropa-fandanga — gente indisciplinada

Pergunta:

É legítimo utilizar as palavras provisão e desprovisão?

Obrigada.

Resposta:

A palavra provisão é de uso corrente, especialmente no domínio da contabilidade.

A palavra "desprovisão" não se encontra registada mesmo nos dicionários mais extensos e mais modernos da língua portuguesa. Dado que já existe o verbo desprover, é aceitável o uso do substantivo "desprovisão". Veremos qual será a aceitação deste novo vocábulo.

Assinale-se que, derivadas do verbo prover, estão já registadas as palavras provimento e desprovimento (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).

Pergunta:

Gostaria muito de saber a origem do apelido português Pato.

Resposta:

O apelido Pato provém de alcunha que foi aceite por quem era conhecido por este nome. Uma vez aceite, foi transmitido aos seus familiares.

Pergunta:

Venho mais uma vez pedir a vossa ajuda e os vossos esclarecimentos.

Qual é a origem e o significado de «D. Fuas, o Barbatanas» em «Chamava-lhe [Maria Monforte a Afonso da Maia] o D. Fuas, o Barbatanas» (Os Maias, cap. II)?

Resposta:

A referência a D. Fuas está relacionada com a lenda de Nossa Senhora da Nazaré, que salvou da morte D. Fuas Roupinho, almirante de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.

D. Fuas Roupinho caçava na região da Nazaré quando viu uma corça correndo. D. Fuas perseguiu a corça com tal entusiasmo, que esteve em risco de cair da falésia do Sítio da Nazaré. Só não caiu porque Nossa Senhora impediu que ele caísse no abismo.

Quando alguém chamava D. Fuas a Afonso da Maia, estava a considerá-lo como cavaleiro dos tempos passados.

"Barbatanas" está por barbaçana ou barbaças, que podem significar «homem muito idoso». É, portanto, mais uma forma jocosa de falar de Afonso da Maia.