A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
A. Tavares Louro
75K

Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Por que razão o topónimo "Cezimbra" se escreve hoje Sesimbra?

Muito obrigada.

Resposta:

Segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), o topónimo Sesimbra provém do vocábulo de origem greco-latina sesybrium, nome de uma planta. Na evolução para a língua portuguesa, esta palavra passou a ser usada no feminino, tendo dado lugar a "sesímbria" e, posteriormente, "sesimbra". A forma "Cezimbra" corresponde a uma grafia alternativa anterior à normalização ortográfica de 1911.

Pergunta:

Afinal porque dizemos «caiu no meio do chão»? Porquê «meio»? 0u «foi para o olho da rua»? Porquê «olho»?

 

Resposta:

A linguagem emocional é, frequentemente, exagerada.

A nossa vista tem tendência para convergir para o centro. Por isso, «o meio do chão» é uma frase hiperbólica dado que exagera o valor dos acontecimentos.

A expressão «olho da rua» é uma metonímia porque substitui uma ideia por outra com a qual está relacionada. Na rua, sabemos que há muitos olhos que observam o que se passa. Por isso, aquele que é enviado para a rua fica como centro das atenções e das críticas.

Pergunta:

Qual o significado do apelido Nobre?

Resposta:

Nobre significa «aquele que pertence à nobreza». Também significa «aquele que se comporta como é obrigatório para um nobre; aquele que é distinto como um nobre». O apelido/sobrenome tem, portanto, origem no adjectivo usado como substantivo (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa).

Note-se que a expressão francesa «noblesse oblige» quer dizer «aquele que é nobre tem obrigações próprias da sua condição».

Pergunta:

Como se escreve: «Câmara Municipal de Chamusca», ou «Câmara Municipal da Chamusca»? E porquê?

Resposta:

Geralmente, os nomes das povoações relacionadas com substantivos comuns são antecedidas por artigo definido, como: «o Porto», «a Guarda», etc.

Dado que chamusca é um substantivo comum relacionado com o verbo chamuscar, supõe-se que o substantivo próprio daí derive, pelo que deveremos escrever «Câmara Municipal da Chamusca».

Pergunta:

Gostaria de saber o aumentativo e diminutivo de lugar, arma, sabonete e festa.

Resposta:

Os substantivos lugar, arma e sabonete não são usados no grau aumentativo sintético. Em teoria, poderíamos considerar formas "lugarzão", "armona"/"armão"/"armazona"/"armazão", "sabonetão"/"sabonetezão", mas, na verdade, são usadas apenas as formas analíticas adequadas a situações particulares. Exemplos: «um lugar muito frequentado», «um lugar bem remunerado», «uma arma muito perfeita», «um sabonete muito agradável». Já com festa, a situação é um tanto diferente, porque em português europeu é possível empregar festão e dizer «fazer um festão»; ainda assim, formas analíticas são preferidas, nas quais se intensifica o adjetivo que qualifica o substantivo em questão: «uma festa muito alegre».

Como diminutivos, poderemos registar lugarzinho, lugarzito; armazinha, armazita; sabonetinho, sabonetito, sabonetezinho, sabonetezito; festinha, festita, festazinha, festinha. Como depreciativos, poderemos encontrar lugarzeco, armazeca, sabonetezeco e festazeca.