A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Já não me recordo do contexto em que li a palavra "pro-forme", mas, segundo uma colega minha, é sinónimo de «procedimento» (em geral) e/ou pode ser, mais especificamente, um documento representativo de despesa (uma espécie de factura antecedente ao pagamento). Pesquisei no portal Google e reparei que surge mais vezes com a grafia "pro-forme". Mas também encontrei a seguinte definição na Internet: «A Factura Pro-forma é um documento que acompanha o objecto, para indicar o valor da mercadoria sem valor comercial. É um documento dirigido a Empresa-Empresa que acompanha uma amostra ou produto para teste, sem existir transacção comercial. A Factura Pro-forma é idêntica a uma Factura Comercial, mas sem n.º de factura.»

Aguardo esclarecimentos.

Resposta:

Pro forma (e não "pro-forme") é uma expressão latina que significa «por formalidade».

A factura pro forma é frequente no comércio internacional. Indica as quantidades das mercadorias em trânsito para efeitos estatísticos e alfandegários. Não inclui elementos contratuais que só interessam ao importador e ao exportador, como, por exemplo, as condições de pagamento.

 

Pergunta:

A palavra "plainites" não se encontra registada no dicionário que possuo, mas os meus avós juram que a palavra existe e designava umas protecções que se usavam, antigamente, sobre os sapatos. Existe ou não? Galochas, por outro lado, surge no mesmo dicionário apenas com o sentido de «botas de borracha», quando me parece que também designaram um tipo de protecção semelhante para os sapatos.

Muito obrigada pelo esclarecimento.

Resposta:

As botas altas dos cavaleiros são elegantes, mas muito caras. Por isso, alguns cavaleiros usam polainas, especialmente durante os treinos.

As polainas são protecções para as pernas desde o joelho até às botas de cano curto.

Os polainitos ( e não "plainites") são protecões de cabedal para os tornozelos, mais baixos, portanto, do que as polainas. São usados, normalmente, pelos militares e pelas forças militarizadas. 

As galochas eram feitas, inicialmente, de madeira ou cabedal e madeira. Mais recentemente são feitas de borracha. Servem para proteger os pés e o calçado daqueles e daquelas que trabalham em áreas cobertas de água ou de outros líquidos.

Pergunta:

Gostaria de saber qual o aumentativo da palavra noite.

Resposta:

Não usamos o aumentativo sintético para a palavra noite.

Usamos, por vezes, aumentativos analíticos com adjectivos adequados; exemplos: «noite muito longa», «noite muito escura» ou «noite muito enluarada».

Pergunta:

Como se diz correctamente?

«Comentário do» ou «comentário ao»? Por exemplo, «Comentário do Código de Processo Penal», ou «Comentário conimbricence ao Código Penal»?

Obrigada!

Resposta:

«Comentário ao Código...» é uma expressão sintética correspondente à seguinte informação: «Aqui, apresentamos o comentário (que foi) feito ao Código... por...» A síntese deve conter a preposição a relativa ao verbo fazer, que pode ser subentendido.

Mas também são possíveis as preposições de e sobre (ver Francisco Fernandes, Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, São Paulo, Globo, 1995): «Comentário do Código do Processo Penal» e «Comentário sobre o Código do Processo Penal».

Pergunta:

Por que razão o topónimo "Cezimbra" se escreve hoje Sesimbra?

Muito obrigada.

Resposta:

Segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), o topónimo Sesimbra provém do vocábulo de origem greco-latina sesybrium, nome de uma planta. Na evolução para a língua portuguesa, esta palavra passou a ser usada no feminino, tendo dado lugar a "sesímbria" e, posteriormente, "sesimbra". A forma "Cezimbra" corresponde a uma grafia alternativa anterior à normalização ortográfica de 1911.