Um pequeno volume com o objetivo de dar pistas atualizadas para a compreensão do valor económico da língua à escala mundial, com coordenação de Luís Reto, que é também autor com Nuno Crespo, José Esperança, Rita Espanha e Fábio Valentim. Repartida por uma introdução, seis capítulos e uma breve secção de considerações finais, trata-se de uma obra que entende a língua como parte do património económico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Na introdução, que situa este trabalho em relação a outros (sendo o mais recente o Novo Atlas da Língua Portuguesa, de 2016), frisa-se que a discussão apresentada se centra numa visão da língua portuguesa como ativo económico e estratégico para a CPLP, não abordando aspetos filológicos nem literários.
No capítulo I (pp. 17-22), partindo do paralelo entre a evolução das línguas e a das espécies, aborda-se a questão da atual galáxia linguística, de acordo com a conceção de sistema linguístico global do linguista neerlandês Abram de Swaan. O capítulo II (pp. 23-34) é dedicado à expansão da língua portuguesa no contexto do colonialismo português. A importância económica da língua é o tópico da argumentação do capítulo III (pp. 35-48). Segue-se a discussão mais extensa do capítulo IV (pp. 49-96), onde se definem três formas de hierarquizar (ordenações) as línguas contemporâneas e se assinala o português sempre entre as dez primeiras: pelo número de falantes, pelo seu impacto global (com cinco dimensões, a saber, a economia, os recursos naturais, a comunicação, a educação com a ciência e a influência mundial) e pelo seu potencial (duas variáveis: a evolução económica até 2023 e a previsão demográfica até 2100). O capítulo V (pp. 97-112) dá conta das redes de ensino e difusão do ensino do português, com realce para o Camões, I. P., a Rede Brasil Cultural e o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP). No último capítulo (pp. 113-136), com base em inquéritos, comentam-se a perceção e o uso da língua pelos estudantes do Camões, I. P.
As considerações finais sublinham a necessidade de «desenvolver um ensino massivo de português como língua segunda [...] em comunidades muito mais alargadas do que aquelas que são atualmente abrangidas pela rede do Instituto Camões ou dos centros culturais do Brasil», bem como um «[m]aior investimento, articulação estratégica no conjunto da CPLP e cooperação internacional nestes domínios, sem medo de perda de protagonismos nacionais [...]» (pp. 140/141).
Em apoio da informação e das considerações expostas, 18 gráficos, 14 quadros e 6 tabelas ilustram este utilíssimo opúsculo, de leitura muito acessível e rápida.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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