Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

O provedor do leitor do Público, Rui Araújo, volta dedicar parte da sua crónica de 4/11/2007 aos erros ortográficos do jornal. «Concordo que seja utópico eliminar totalmente os erros ortográficos de um jornal», escreve um leitor. «No entanto, nalgumas áreas (títulos, editoriais) fica francamente mal eles existirem. Nos editoriais dos últimos meses r...

Português (básico)  para jornalistas

«"A queixa foi apresentada, mas não foram relatados muitos pormenores que permitam identificar os três autores do crime", salientou outra fonte policial ouvida pelo nosso jornal.

A investigação foi, por inerência da lei, entregue à Polícia Judiciária de Setúbal.

Uma brigada de inspectores acompanhou a jovem ao Hospital de Santa Maria [em Lisboa] para a realização dos testes ginecológicos, fundamentais para a investigação deste tipo de crime.»

Miguel Curado

Correio da Manhã, 28 de Outubro de 2007

 

Antigamente a ortografia era para respeitar. Porquê? Ninguém perguntava. Com a chegada da modernidade, também a ortografia se despiu de dogmatismos e apareceu explicada: é importante atender à forma escrita de uma palavra, porque aí se regista o seu código genético. Recentemente, a ortografia foi considerada um obstáculo metodológico para a aferição da competência da leitura nas provas do 1.º e do 2.º ciclos do ensino básico — 2007. Mais recentemente, Gonçalo M. Tavares, autor do romance ...

Toda a gente sabe que o antónimo de certo é errado, de culpado, inocente, de torto, direito. São os chamados antónimos dicotómicos. Mas há também os antónimos seriais, que assentam numa escala graduada: há duas palavras que se situam nos extremos de uma dad...

A Gronelândia não pagou o ar condicionado

O calote glaciar da Gronelândia está a diminuir muito mais rapidamente do que previam os investigadores. Segundo o Centro Espacial da Dinamarca, o aumento é agora de 400 por cento, o que eleva o nível do mar até 2100 em mais 60 centímetros.

 

A avaliar por esta notícia do Correio da Manhã, os gelos da Gronelândia estão a derreter porque alguém se esqueceu de pagar o ar condicionado e pregou um calote ao fornecedor de energia.

Não é nada disso. O que está a derreter é a calota e não o calote.

Vale a pena dar revelo a uma palavra que muitas vezes passa despercebida, mas que faz muita diferença na interpretação dos enunciados: a preposição.

Tome-se para primeiro exemplo este título: «Alan Greenspan em Lisboa para conferência do Sol e DD» (Diário Digital, 3/10/07). Conhecemos as «conferências de imprensa, de paz, da ONU, do Casino»…, mas não de um ou dois jornais. Houve a intenção de puxar para o t...

Os equívocos de uma viagem linguística

 

Na SIC, canal de televisão português, uma jornalista convida a «fazer de “trugalheiro” da língua portuguesa». Promete-se uma “Viagem pela Língua Portuguesa”, com imagens de um antigo mapa do Reino que entrecortam outras de gente — idosa, na maioria — que vive em campos, aldeias, vilas...

Faz parte da faculdade de linguagem, com que todo o ser humano nasce, a capacidade de combinar um número finito de elementos e produzir um número ilimitado de palavras, frases e expressões. Mais: temos a capacidade de reutilizar palavras já existentes e aplicá-las noutros contextos, para referir novos objectos ou situações. Chama-se a isso "criatividade linguística", não no sentido de originalidade ou imaginação artística, mas num sentido funcional, dado que estas "invenções" têm um propósito...

Depois da duvidosa construção, em português, da forma impessoal «é suposto», que tão em voga se encontra entre nós — tradução directa e, a meu ver, totalmente desnecessária do inglês «it’s supposed» —, também as formas pessoais do mesmo verbo («I was supposed», por ex.) começam a ser adoptadas pelos portugueses, presumo que por alguns que dominarão o inglês mas que pouco se importam com a sua língua.

Governo espanhol imputado na queda de viaduto que matou cinco portugueses

O juiz que investiga o acidente ocorrido a 7 de Novembro de 2005 na construção de um viaduto na Auto-Estrada do Mediterrâneo em Almuñecar, na Andaluzia, imputou os responsáveis do Ministério do Fomento, proprietário da obra, e as empresas encarregues da execução dos trabalhos. O desabamento provocou seis mortos, cinco dos quais oriundos de Portugal, e três feridos, dois de nacionalidade portuguesa

1 – O que será «imputar os responsáveis»?!