As palavras refugiado e migrante implicam ambas uma situação de deslocação de um espaço para outro, podendo envolver, em particular, a saída de um país de origem em direção a um país distinto.
As semelhanças entre estas palavras ficam, porém, por aqui. O migrante é alguém que, de livre vontade, escolhe deixar o seu país (ou a sua região) de origem em busca de melhores condições de vida, de emprego, de educação, entre tantas outras razões válidas. Os migrantes não são um grupo perseguido, não fogem de uma ameaça.
Já o refugiado é aquele que se vê forçado a abandonar o seu país, deixando para trás a sua vida e, não raro, todos os seus bens. Os refugiados procuram escapar à guerra que ameaça as suas vidas ou a perseguições políticas, religiosas ou outras. Caberá aos países de chegada a atribuição do estatuto de refugiado a quem se encontra nesta situação.
As massas humanas que vemos sair da Ucrânia não são, deste modo, migrantes, como o foram outros ucranianos que escolheram abandonar o seu país em busca de uma vida melhor. Aqueles que vemos fugir da Ucrânia, com a vida numa mala feita à pressa, são refugiados e por isso têm de ser acolhidos e protegidos. Este é o respeito e a dignidade que a condição de ser humano exige.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Refugiado e migrante_ Carla Marques]
Crónica incluída no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 20 de março de 2022.