«Já desmaiei na Inglaterra e em Portugal e as experiências foram completamente diferentes.»
Uma vez armei-me em engraçadinho e quis fazer esqui no piso molhado de um centro comercial. Escorreguei e bati com o cóccix no chão. Veio um bondoso senhor ajudar-me e, depois de verificar que eu estava inteiro, disse-me: «Quando for assim, dê a volta.»
Desde esse dia tenho estudado o uso do «quando for assim» em Portugal. Ocorre sempre depois de um acidente estúpido e irrepetível. Se alguém leva o ferro de engomar à orelha quando toca o telemóvel, nunca falta quem nos venha aconselhar: «Quando for assim, desligue o telemóvel antes de ir passar a ferro.»
Agora aconteceu quando parti o cartão de débito, que ficou estaladiço de tanto o desinfectar com álcool. Ainda passou na máquina com a ajuda de fita-cola, mas não me livrei de ouvir que, «quando for assim, é preferível pagar com dinheiro».
Consolou-me depois saber pelo Twitter que Oliver Moody, o correspondente do Times em Berlim, caiu da bicicleta por causa da chuva e um cidadão veio ter com ele e, sem lhe perguntar se estava OK, disse-lhe que, quando a estrada está molhada, é preciso andar mais devagar.
As reacções de outros berlinenses e de alemães de zonas menos fleumáticas tornam o tweet de leitura obrigatória para estudantes das culturas urbanas europeias.
Já desmaiei na Inglaterra e em Portugal e as experiências foram completamente diferentes. Lá, fui parar ao hospital sem saber quem é que chamou a ambulância. Cá fui rodeado por uma pequena multidão que me foi levar a casa, tendo um desconhecido saído a correr para avisar a minha mãe.
Foi melhor aqui.