Atualmente, a língua portuguesa para além de ser das mais difundidas no mundo, com cerca de 244 milhões de falantes espalhados pelos cinco continentes segundo dados do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, é também o idioma com maior expressão no hemisfério sul. Por esta razão, o português é hoje uma das principais línguas de comunicação internacional, com uma forte extensão geográfica, o que permite que pessoas oriundas de vários países possam comunicar recorrendo ao mesmo sistema linguístico.
Neste sentido, os estudantes do Iscte entrevistados para o Ciberdúvidas consideram que, mesmo não tendo o prestígio e a difusão de línguas como o inglês ou o espanhol, o português é relevante no espaço mundial, o que traz não só vantagens a nível cultural e social, mas também económico. Jairo Júnior, estudante brasileiro, realça que ter a língua portuguesa como materna pode ser um fator diferencial no mercado de trabalho, até porque existem muitas oportunidades direcionadas para os falantes deste idioma.
Contudo, esta difusão do português por vários territórios faz com que existam diferenças que marcam e caracterizam o modo que as comunidades desses países têm de se expressar. Estas variedades nacionais apresentam, para os estudantes com quem o Ciberdúvidas conversou, uma dicotomia. Por um lado, sentem que prejudica um pouco a comunicação, por outro, contribui para um enriquecimento cultural e social, permitindo também a identificação de determinado falante como pertencente a certo grupo.
Por conseguinte, o modo particular de expressão das várias comunidades de língua oficial portuguesa pode, por vezes, gerar algumas situações desagradáveis, fruto de preconceito linguístico. Pedro Ramos, estudante português, conta que, ao longo do seu percurso escolar, assistiu a situações em que alguns colegas seus foram prejudicados na avaliação por comunicarem numa variedade diferente do português europeu. São casos como estes que fazem com que, nos últimos tempos, a comunidade educativa em Portugal tenha vindo a refletir sobre quais as estratégias que devem ser adotadas para que a avaliação respeite as características do português de falantes nativos de outras variedades.
Concluindo, a dispersão dos falantes de português pelos quatro cantos do mundo oferece benefícios culturais, sociais e até económicos, no entanto, é necessário que, em conjunto, se discuta qual deverá ser o caminho a seguir com base nos desafios dos tempos atuais e posteriores.
Cf. O que pensam os falantes de português da sua língua? + A aprendizagem da língua materna