A propósito da recente nomeação de uma mulher para ocupar o cargo de bispo na Igreja Anglicana, na Inglaterra, levantou-se o problema da sua designação em português: a episcopisa ou a bispa?
Episcopisa é uma palavra portuguesa de origem grega, que tem o mesmo étimo da palavra bispo. Designava a mulher que, nos princípios do Cristianismo, exercia algumas funções no culto litúrgico, sem jurisdição episcopal. A palavra epíscopo designava o antigo magistrado grego que inspecionava uma circunscrição territorial chamada diocese. A palavra bispo já aparece em português desde o século XII, com o significado de prelado que tem a ordem do episcopado e que exerce o governo espiritual de uma diocese.
O cargo de bispo tem sido tradicionalmente desempenhado por homens. No entanto, recentemente, em algumas confissões religiosas, esse cargo começa a ser atribuído a mulheres. Em função da Igreja que assim o determina, tem sido usado o termo «a episcopisa» (por exemplo, na Igreja Luterana Sueca) ou «a bispa» (por exemplo, em Igrejas Evangélicas no Brasil).
O termo «a bispa» consiste no feminino regular de bispo, palavra de tema em o, que segue o que aconteceu, por exemplo, com os femininos «a bombeira» ou «a carteira».
Tanto um como outro termo respeitam, assim, a matriz da língua portuguesa. O que importa é que as Igrejas que o adotem se pronunciem num ou no outro sentido, conforme o seu entendimento das funções desempenhadas e da sua melhor denominação.
1 Na imprensa brasileira há (ainda) variação no uso de bispa e de a bispo (ou de mulher bispo). Alguns registos do primeiro caso: aqui e aqui. E no segundo caso: aqui e aqui.