As palavras unha e bispo evoluíram de palavras latinas. Para indicar os prováveis fenómenos fonéticos ocorridos dessas formas latinas originais (étimos) para as actuais palavras portuguesas, recorro às convenções habituais em linguística histórica: uso >, que significa «mudou para»; *, «forma reconstruída ou hipotética»; os algarismos marcam etapas de evolução. Os esquemas que a seguir apresento são meras sugestões com base na bibliografia consultada; outros são certamente possíveis.
unha
ŭngŭla > 1 *ungla > 2 *unlha > 3 unha
1 Queda (síncope) de "ŭ" breve
2 Palatalização de "gl", que evoluiu para "nh"
3 É possível ter-se registado ou assimilação de "n" por "nh" (*unhnha) ou nasalização de "u", seguida de desnasalização.
bispo
episcŏpu > 1 *episcpu > 2 *epispu > 3 *ebispo > 4 *obispo > 5 bispo
1 Queda (em meio de palavra ou síncope) de "ŏ".
2 Queda de "c".
3 Sonorização de "p" intervocálico.
4. Vogal "e" passa a "o", como ilustra o espanhol obispo,
4 Queda (em princípio de palavra ou aférese) de "o", por reanálise desta vogal como artigo definido (obispo = «o bispo»).
Bibliografia:
Edwin B. Williams, Do Latim ao Português, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 2001, págs. 50 e 92.
José Joaquim Nunes, Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa, Lisboa, Clássica Editora, 1989, págs. 50, 141, 258.