Porto, 7 de outubro de 2019
Ex.mo Senhor Professor Evanildo Bechara,
Ex.mo Senhor Professor João Malaca Casteleiro,
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Excelências,
Bom dia a todos.
É na qualidade da pessoa Margarita Correia que me dirijo a todos neste momento. Faço-o também na qualidade de membro da Equipa Central do VOC, ainda que esta minha condição se encontre temporariamente suspensa devido às funções [presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa] que ocupo desde maio de 2018.
Estamos hoje aqui reunidos para participar na 1.ª Reunião Ordinária do Conselho da Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), órgão que congrega representações de todos os países da CPLP e que a partir de agora será responsável pela gestão da ortografia desta língua que nos une.
Não sei se todos os que aqui estamos temos consciência da importância deste evento e do impacto que ele terá na nossa história e na história da língua portuguesa.
Se a publicação do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) marcou o fim de um cisma ortográfico que ensombrou a língua portuguesa durante mais de um século, a realização 1.ª Reunião Ordinária do COLP encerra um longo período de gestão da ortografia apenas assegurada por dois países, Brasil e Portugal, e inaugura um novo modelo de gestão da ortografia do português, multilateral, democrático, em que todos os países que escolheram o português como sua língua poderão participar como verdadeiros pares, sob a chancela do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), a nossa casa comum.
Os que aqui estamos temos já demasiado clara a consciência da nossa finitude individual e por isso não teremos dificuldade em perceber a felicidade absolutamente extraordinária de podermos contar com a companhia de dois dos grandes obreiros desta mudança de visão e de atitude relativamente à língua portuguesa, os professores Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, e João Malaca Casteleiro, da Academia das Ciências de Lisboa. Muito obrigada a ambos por terem vindo até aqui para nos acompanhar.
A Evanildo Bechara e a João Malaca Casteleiro devemos muito. Devemos-lhes seguramente o facto de aqui estarmos, hoje ainda mais orgulhosos da língua em que pensamos e comunicamos, desta língua que agora podemos considerar efetivamente língua de todos nós, língua de todos aqueles que escolheram com ela construir e expressar a realidade que os envolve.
Evanildo Bechara e João Malaca Casteleiro dedicaram a esta missão grande parte das suas vidas, das suas forças, da sua energia. Foram trabalhadores incansáveis, comprometidos com o bem comum, generosos, estoicos, resistentes, suportando sacrifícios de ordem pessoal e moral, tantas vezes alvos de incompreensão e menosprezo, até dos seus pares.
Conscientes desta realidade, José Pedro Ferreira, do CELGA-ILTEC, Gladis de Barcellos Almeida, da Universidade Federal de São Carlos, Inês Machungo, da Universidade Eduardo Mondlane, e eu própria, da Universidade de Lisboa e do CELGA-ILTEC, todos nós membros da Equipa Central do VOC, não quisemos perder a oportunidade de dizer a Evanildo Bechara e a João Malaca Casteleiro que apreciamos muito o seu trabalho e o seu esforço, que admiramos a sua visão e que lhes somos imensamente gratos.
Muito obrigados, Professor Evanildo Bechara!
Muito obrigados, Professor João Malaca Casteleiro!