As burlas levadas a cabo através de telemóveis não são uma prática recente, mas têm evoluído com o tempo e tornaram-se mais prevalentes com o avanço da tecnologia móvel e a crescente dependência de smartphones.
Recentemente, várias pessoas receberam nos seus telemóveis uma mensagem do número oficial da Chave Móvel Digital a "avisar" que a Autenticacao.gov se ativava num novo dispositivo. A mensagem, aparentemente normal, continha uma ligação que redirecionava o utilizador para um site falso destinado a ter acesso aos seus dados.
O esquema usado no ataque e que preocupa as autoridades é conhecido por spoofing. Este termo, comum no crime cibernético, refere-se, portanto, à falsificação de identidade para obter dados pessoais importantes, que pode ser feito através de sites falsos, e-mails fraudulentos, chamadas telefónicas, SMS falsas ou endereços IP, ou, corresponde ainda, de acordo com o dicionário Oxford, «à atividade de copiar um filme, programa de TV, etc., de forma humorística, exagerando nas suas principais características».
Etimologicamente, a origem do anglicismo pode ser traçada a partir do substantivo spoof, ao qual se acrescentou o sufixo -ing. Atesta-se em 1889 o uso de spoof com o significado de «um engano, uma decepção», derivado de spouf, nome de um jogo criado pelo comediante britânico Arthur Roberts em 1884, que envolvia enganar os oponentes. Em 1914, o verbo spoof passou a ter o significado específico de «parodiar, fazer parecer tolo por meio de sátira». Em 1958, esse sentido foi expandido para incluir «uma paródia, caricatura ou peça satírica», e em 1972, spoof passou a descrever o uso de informações falsas para enganar sistemas de radar. Desde então, a significação do vocábulo alargou-se para englobar várias técnicas de embuste digital (Online Etymology Dictionary).
A questão que se levanta, então, é a seguinte: existe algum termo ou expressão equivalente em português para spoofing? A resposta parece simples. Até agora, não há palavra que tenha uma correspondência direta. No entanto, no contexto técnico, termos como engano, falsificação, fraude ou impostura podem ser considerados razoáveis. Ainda assim, por se tratar de vocábulos tão genéricos, pode argumentar-se que estas traduções não capturam completamente o conceito, além de que não facilitam a compreensão e a comunicação precisa sobre o tema. Por essa razão, uma abordagem adequada pode ser manter o anglicismo spoofing, que deve ser grafado em itálico ou entre aspas para destacar o seu estatuto de estrangeirismo.