«Ou as autoridades e a sociedade consciente reaccionan xa con decisión e convicción… ou os nosos fillos serán testemuñas da sedación do idioma.»
Era de esperar, mas não deixam de alarmar os novos dados do Instituto Galego de Estatística (IGE): uma queda brutal de falantes e uma situação crítica que nos leva a um ponto de não retorno (como com a crise climática). Ou as autoridades e a sociedade consciente reagem já com firmeza e convicção... ou os nossos filhos serão testemunhas da sedação da língua.
Um terço dos mais jovens não sabe falar galego. Onde está a sua "liberdade de escolha"? O falhanço do sistema é calamitoso: não só não adquirem competências semelhantes nas duas línguas, como também nada adquirem no galego diretamente. Onde estão as avaliações anuais do Decreto 2010 que a Xunta tem feito e nunca quis mostrar? E os inspetores de ensino, encobrem ou assobiam? E os professores? E o livro galego? E a música e a programação infantil da CRTVG [televisão galega]? E as campanhas de “desintoxicação” dos preconceitos [contra a língua galega]?
Inimigos da língua
Como explicar que, se 38% dos pais falam com os filhos em galego, destes apenas 16% o falem? Onde se perdem os restantes 22%? Pois, se não for em casa, será na escola. E o que aconteceu na escola nos últimos 14 anos? O Decreto de 2010, pelo qual reduzimos o horário escolar de um mínimo (teórico) de 50% em galego para um frágil máximo de 30%; e aconteceu o programa Avatar apenas em espanhol; e aconteceu a proibição do ensino de disciplinas de prestígio em galego; e aconteceu que as escolas infantis são agora Galiñas Azuis com total ausência da língua; e aconteceu que desapareceram as linhas de imersão linguística; e aconteceram muitas coisas pelas quais o Conselho de Europa repreendeu mil vezes a Xunta e que esta sempre ignorou com total desprezo, assumindo os postulados gloticidas da bandeira de protesto de Galicia Bilingüe.
E aconteceram muitas outras coisas igualmente graves na justiça, na administração, na saúde, na comunicação social, no lazer etc. (ver Liberdade para o galego, de Maceiras & Quintas). E aconteceu que alguns galegos pediram a rendição, por cansaço ou para continuarem nos cargozinhos, mas não deixaram de colaborar por ação ou omissão com o inimigo da língua instalado na Xunta, por exemplo, aceitando prémios, prebendas ou subsídios das mãos dos exterminadores da língua.
Perante estes dados arrepiantes, a Real Academia Galega tornou público o lamento do coordenador do seu Seminário de Sociolinguística ao alertar que o galego se encontra numa situação-limite e que «é necessária uma reflexão séria sobre o que se está a fazer». É surpreendente, porque há treze anos (!!!) que este Seminário não se reúne e neste tempo a RAG nunca apontou o culpado desta hecatombe: a Xunta. Tal como o Consello da Cultura Galega, que fez um excelente relatório sobre a Altri, mas nos últimos 14 anos nunca disse que esta língua é minha. As pessoas preocupadas com a língua esperariam destas instituições posições mais firmes em defesa da língua, mas não foi assim. E foi até doloroso ver a RAG apresentar um plano de ação sociolinguística escolar para Ames, partilhando mesa, fotos e sorrisos com os causadores da destruição linguística deste concelho. Se andamos de braço dado com os que exterminam o idioma, ninguém poderá acreditar na sinceridade dos lamentos.
Arrimar o lombo
Conscientes de que exageraram muito na travagem desgaleguizante, o Partido Popular e a Xunta querem reunir-se com quem quer que seja para chegar a um acordo sobre a língua (ou para arranjar uma foto). O pacto já foi feito: é o Plano Geral de Normalização aprovado por unanimidade no Parlamento há já 20 anos. Não é preciso inventar nada, basta orçamentá-lo e aplicá-lo com inteligência e determinação. Mas abandonemos toda a esperança, a Xunta teima no discurso falaz de que o seu modelo de bilinguismo funciona muito bem. Os dados do IGE assim o mostram, claro: se o que pretendiam era o extermínio amável da nossa língua, corre-lhes tudo maravilhosamente, para quê mudar?
Mas, atenção, que aqui também falhamos nós como cidadãos quando não exigimos documentos notariais, administrativos, bancários ou judiciais em galego; ou quando nos resignamos a que a sinalética dos centros de saúde seja toda em espanhol; ou quando mudamos a língua perante quem não fala galego etc. É só exigir, com educação e firmeza, o respeito e o cumprimento dos nossos direitos linguísticos. Mas também falham os partidos da “oposição” quando não criam serviços de normalização linguística estáveis e dotados de pessoal nos municípios onde governam, ou quando os seus representantes e funcionários não usam o galego, ou quando consentem que lhes traduzam entrevistas e declarações na imprensa etc. Por isso, temos todos de arrimar o lombo, cada qual na sua posição, porque nunca virá de cima remédio ou esperança: falar e escrever sempre, e nunca mais ceder ou conceder.
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Texto original galego:
Extermínio cordial e harmónico do nosso idioma
Non por esperables deixan de alarmar os novos datos do Instituto Galego de Estatística (IGE): unha caída brutal de falantes e unha situación crítica que nos conduce a un punto de non retorno (como coa crise climática). Ou as autoridades e a sociedade consciente reaccionan xa con decisión e convicción… ou os nosos fillos serán testemuñas da sedación do idioma.
Un terzo dos menores non sabe falar galego. U-la súa "liberdade de elección"? O fallo do sistema é calamitoso: non só non adquiren destrezas semellantes nas dúas linguas senón que no galego directamente nada. U-las avaliacións anuais do Decreto 2010 que fai a Xunta e nunca quixo ensinar? E os inspectores de ensino, capan ou asubían? E o profesorado? E o libro galego? E a música e a programación infantil da CRTVG? E as campañas de "desintoxicación" dos prexuízos?
Inimigos do idioma
Como se explica que, se 38% dos pais lles fala aos fillos en galego, destes só 16% o falen? Onde se perde ese 22% restante? Pois se non é na casa será na escola. E que pasou na escola nestes últimos 14 anos? O Decreto 2010, polo que baixamos no horario escolar dun mínimo (teórico) de 50% en galego a un máximo raquítico dun 30%, e pasou o programa Avatar só en castelán, e pasou a prohibición de ensinar en galego as materias prestixiadas, e pasou que as escolas infantís son agora Galiñas Azuis con total ausencia do idioma, e pasou que desapareceron as liñas de inmersión, e pasaron moitas cousas que o Consello de Europa lle recriminou mil veces á Xunta e que esta ignorou sempre con total desprezo, asumindo os postulados glotocidas da pancarta de Galicia Bilingüe.
E pasaron moitas outras cousas igual de graves na xustiza, na administración, na sanidade, nos medios de comunicación, no lecer, etc. (véxase Liberdade para o galego, de Maceiras & Quintas). E pasou que algúns galeguistas pediron papas, por cansazo ou por seguiren nos carguiños, pero non deixaron de colaborar por acción ou omisión co inimigo do idioma instalado na Xunta, por exemplo aceptando premios, prebendas ou subvencións de mans dos exterminadores do idioma.
Perante estes datos arrepiantes, a RAG [Real Academia Galega] fixo público o lamento do coordinador do seu Seminario de Sociolingüística ao advertir que o galego está nunha situación límite e que «toca reflexión seria sobre o que se está a facer». É abraiante, porque este Seminario hai trece anos (!!!) que non se reúne e neste tempo a RAG nunca apuntou ao culpable desta hecatombe: a Xunta. Ao igual que o Consello da Cultura Galega, que fixo un informe excelente sobre Altri pero nos últimos 14 anos nunca dixo esta lingua é miña. A xente preocupada polo idioma agardaría destas institucións unhas posturas máis firmes en defensa do idioma, pero non foi así. E mesmo foi doloroso ver a RAG presentar un plan de acción sociolingüística escolar para Ames compartindo mesa, fotos e sorrisos cos causantes da desfeita lingüística neste concello. Se andamos de ganchete dos que exterminan o idioma, ninguén poderá crer na sinceridade dos laios.
Arrimar o lombo
Conscientes de que se pasaron moito na freada desgaleguizadora, o PP [Partido Popular] e a Xunta quérense reunir con quen sexa para conseguir un pacto pola lingua (ou para buscar unha foto). O pacto xa está feito: é o Plan Xeral de Normalización aprobado por unanimidade no Parlamento hai xa 20 anos. Non hai que inventar nada, só orzamentalo e aplicalo con intelixencia e determinación. Pero abandonemos toda esperanza, a Xunta teima no discurso falaz de que o seu modelo de bilingüismo funciona moi ben. Os datos do IGE así o demostran, claro: se o que pretendían era o exterminio amable do noso idioma, vailles de marabilla, para que o cambiar?
Pero ollo que aquí tamén fallamos os cidadáns cando non reclamamos documentos notariais, administrativos, bancarios ou xudiciais en galego; ou cando nos resignamos a que a sinaléctica dos centros sanitarios estea toda en castelán; ou cando cambiamos de idioma ante quen non fala galego, etc. É só demandarmos con educación e con firmeza respecto e cumprimento dos nosos dereitos lingüísticos. Pero tamén fallan os partidos "da oposición" cando non crean servizos de normalización lingüística estables e dotados de persoal nos concellos onde gobernan, ou cando os seus representantes e cargos non usan o galego, ou cando consenten que lles traduzan entrevistas e declaracións na prensa, etc. Por iso temos todos que arrimar o lombo cada un/ha no seu posto, porque nunca virá de arriba remedio ou esperanza: sempre falar e escribir e nunca máis ceder nin concede.
Crédito da imagem à esquerda: "O galego que falamos", Portal Galego da Lingua, 13/07/2020.
Artigo de opinião publicado no Diário Nós, em 11 de outubro 2024.