D´Silvas Filho julga oportuno prestar alguns esclarecimentos sobre os supostos erros que uma notícia publicada no Diário de Notícias de 8 de Maio de 2008 (ver Pelourinho) atribui ao texto do novo Acordo Ortográfico.
No meu exemplar do acordo de 1990, publicado pela Imprensa Nacional, em 1991, lê-se:
Base III, 3.º: inserção escrita correctamente, e não *insersão. O erro num local onde se apontam as diferenças: s, ss, c, ç, x, é que teria sido grosseiro.
Base IX, 3.º: Jiboia escrita correctamente segundo o novo acordo. Também, neste caso, é que o erro teria sido grosseiro, pois se indica que o acento cai no novo acordo.
Quanto a amigdalóide, que aparece assim efectivamente escrita na norma ainda em vigor, o lapso é secundário, pois o assunto em causa é a sequência gd e não o acento.
Não encontrei bênção sem acento no meu texto e gostaria de saber onde se encontra no texto criticado, para verificar se não teria sido lapso da publicação onde foi colhido o erro. De qualquer forma, lembro que é frequente o esquecimento do circunflexo nesta palavra, e até há quem se mostre surpreendido com a sua necessidade (regra que passa despercebida, em palavras graves terminadas em ditongo decrescente, neste caso nasal; e assisti mesmo a um debate convicto sobre a necessidade de acento na palavra órgão...).
Aproveito para sublinhar, mais uma vez, o que tenho escrito em Ciberdúvidas e está desenvolvido em www.dsilvasfilho.com > Linguística: O sage estudioso sabe distinguir o erro grosseiro do desvio de pouca gravidade, aceitando que a perfeição é quase sempre controversa na nossa língua, de que afinal ninguém é dono, dada a sua enorme versatilidade e correspondentes areias movediças.
Atrevo-me de novo a lembrar as palavras bíblicas conhecidas, com mais de vinte séculos, do tolerante Sage que foi crucificado por... intolerantes.
A verdade é que, neste caso, dos defeitos apontados ao novo acordo, há nalguns casos mais do que intolerância: há luta acirrada, usando-se todos os pretextos, mesmo ínfimos ou sem sustentação válida. As tácticas não são novas; o horror à mudança é uma constante. Se os intrépidos reformadores de 1911 ainda estivessem vivos, diriam que já tinham passado pelo mesmo, e muito pior.
Veremos depois do dia 15, no caso de o novo acordo ficar definitivamente aprovado no Parlamento, se a crítica muda para o sentido de aperfeiçoamento e não de objecção frontal inconsequente.