Nesta notícia, com origem em Luanda, revelam-se as condições de Angola para a adoção do Acordo Ortográfico, assim como sobre a elaboração do seu vocabulário nacional, de que era o único país integrado no IILP sem haver participado, ainda, nos trabalhos com vista ao Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa. A despeito disso, e como também é referido nesta notícia, Angola tem contribuído financeiramente para ambos os empreendimentos.
A República de Angola defende a elaboração de um vocabulário ortográfico nacional e a retificação de determinadas bases técnico-científicas, para validar o Acordo Ortográfico no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Esta posição foi manifestada [no dia 9/04/2015], em Luanda, pela coordenadora da Comissão Nacional do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Ana Paula Henriques (na foto), durante um encontro com o Doutor Oliveira Encoge, do Ministério das Relações Exteriores, e o Doutor Felipe Zau, reitor da Universidade Independente, que teve como objetivo informar a situação atual dos projetos relacionados com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.
De acordo com a responsável «Angola defende vários aspetos para a assinatura do Acordo Ortográfico, [entre os quais] a retificação de determinadas bases identificadas como carentes de informação técnica e cientifica para que se possa fazer a gestão da língua sem constrangimentos».
«Angola é da opinião de que todos os Estado-membros devem ter o seu vocabulário ortográfico nacional, razão pela qual contribuiu financeiramente, contudo não se registraram progressos neste capítulo», disse a coordenadora.
Ana Paula Henriques considera que se deve analisar esta questão em fórum próprio da [CPLP], [lembrando que] esta é uma prática das autoridades angolanas [na procura] de consensos [no âmbito de] uma abordagem técnico-científica. E aponta esta iniciativa, como uma das condições que permitirá a aprovação do projeto do Acordo Ortográfico pelo Governo do país.
Realçou ainda que Angola não está parada nem atrasada em relação a ratificação1 do Acordo Ortográfico de 1990, e prova desse fato foi a apresentação dos projetos e dos resultados obtidos na produção dos trabalhos levados a cabo pelos técnicos.
«É preciso ter em conta que há vários níveis de língua, e o Acordo Ortográfico vai se relacionar com documentos escritos e não a língua falada, sendo preciso que haja registro escrito para que seja considerado um elemento a ser tido em conta no vocabulário ortográfico.»
Outra questão apontada pela mesma responsável é o tempo de vida dos neologismos e sua produtividade, ou seja, se são ou não utilizados nas mais variadas áreas, estando desta forma criadas as condições para que sejam considerados ou não, no âmbito da constituição do Vocabulário Ortográfico Nacional de Angola.
[Ver, ainda: Angola favorável ao Acordo Ortográfico, mas com melhorias + Angola propõe rectificações para aderir ao Acordo Ortográfico]
N.E. – Como os demais sete países da CPLP, Angola subscreveu o Acordo Ortográfico de 1990, sendo, com Moçambique, um dos dois países sem ratificação ainda dos respetivos parlamentos
Notícia veiculada no blogue do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, com data do dia 9 de abril de 2015.