Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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desde (em vez de de) é um modismo há muito instalado no meio jornalístico português, especialmente nos relatores do futebol. E, como modismo, raro já é o jornal que não alinhe pelo... disparate. Como se pôde ler na edição do matutino 24 Horas de 30 de Julho p.p., numa notícia sobre o Benfica e o jogador Simão Sabrosa (...).

     «O incómodo é tanto que Pedro Santana Lopes não tem mesmo outra solução se não sentar-se nas últimas filas», escrevia-se no jornal “24 Horas” do passado dia 27 de Julho.
     Escrevia-se erradamente, porque a grafia certa é senão. Ou seja, devia ter-se escrito assim: «O incómodo é tanto que Pedro Santana Lopes não tem mesmo outra solução senão sentar-se nas últimas filas». Neste caso, senão significa excepto...

À memória de Dona Odete, minha inesquecível professora da Primária; do prof. Emílio Meneses, gramático, que fizera do ensino do Português um acto poético; e do Padre Mateus Rosa, que me ensinou latim com a sorridente paciência de um beneditino.

E em louvor dos professores portugueses.

Os infortúnios da desordem política conduziram o sistema educativo [português] à corda bamba do funâmbulo. Ninguém sabe o que vai acontecer em cada ano lectivo. E as deficiências do poder executivo, s...

     Mais incompreensível é (no mesmo jornal) ainda haver quem não distinga a diferença entre a moral e o moral (além daquela errada concordância verbal)...

     «....a derrota com a França por 1-0, nas meias-finais, e o afastamento da final de Berlim, deixou marcas pelo menos ao nível da moral dos jogadores [portugueses].»2

     2 Paulo Curado, "Público" de 9 de Julho p.p.

     A abreviação dos números ordinais, como aqui já se recordou várias vezes [cf. 2º não é a mesma coisa que 2.º], não se confunde com a grafia do símbolo de grau angular nem com a do símbolo dos graus celsius, por exemplo. Nas ilustrações em baixo, ficam dois exemplos do desleixo (notícia do... 

     «Causas como esta e causas muito diferentes desta são importantes para que deixem de haver aquelas instituições grandes com muitas crianças, que todos nós conhecemos (…)», escreviam as jornalistas Andreia Valente e Ana Meireles, no jornal “24 Horas” de 12 de Julho p. p.
     Escreveram mal. Deviam ter escrito: «Causas como esta e causas muito diferentes desta são importantes para que deixe de haver aquelas instituições gr...

     Frase do jornalista Paulo Solipa, da RTP, a propósito do eventual pedido de isenção de imposto a aplicar sobre os prémios atribuídos aos jogadores de selecção portuguesa de futebol: «A decisão de isentar o imposto será sempre uma decisão política.»
     Não se trata de “isentar o imposto”, mas de isentar alguém ou algum rendimento do imposto que lhe deveria ser aplicado. O verbo isentar significa «desobrigar», «livrar».

     Frase do dirigente do CDS-PP para o primeiro-ministro português José Sócrates, no debate na Assembleia da República, no passado dia 12 de Julho: «V. Ex.ª fala do dever dos contribuintes para com o Estado, mas, claro, o mesmo princípio não se aplica ao Estado nas suas obrigações para com os cidadãos e as empresas que o financiam. E há-de convir que isso retira muita credibilidade ao seu ar decidido com que aparec...

Ainda no mesmo jornal 3: «Ouro. Uma grama por dia, à espera que a mina volte a abrir».

Pela enésima vez: grama, a milésima parte da massa do quilograma-padrão, é masculino. Nada tem que ver com a grama, de gramado.

 

3, “Público” de 10 de Julho p.p.

     Outra dificuldade crescente parece ser mesmo a conjugação dos verbos no conjuntivo [subjuntivo]. Veja-se esta notícia recente no “Público”:

«Crise do lançamento de mísseis
Tóquio não exclui ataque preventivo à Coreia do Norte


O Japão reserva-se o direito de atacar preventivamente a Coreia do Norte em caso de ameaça nuclear directa, com o object...