Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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O fim da literatura portuguesa no Brasil?
«Uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo»...

«Ao pretender privilegiar, por razões de estratégia político-económica pós-colonial  – escreve neste artigo* a ex-ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, a propósito da  exclusão da obrigatoriedade do ensino da literatura portuguesa no Brasil —,  o diálogo cultural sul-sul, em detrimento e não em convergência com o diálogo norte-sul, o Brasil está a dar uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo face à velha Europa.»

* in Diário de Notícias de 11 de abril dee 11 de abril de 2016. Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

Gramática ainda não tem sexo
O condão do ridículo

«Quando será que perceberão que, ao contrário do que Dilma [Rousseff] pretende, o combate à desigualdade não se faz destruindo a gramática? Ou seja, que Dilma não é presidenta, como nunca foi estudanta, nem nunca ficou contenta?», escreve neste artigo* o jornalista Henrique Monteiro, a propósito da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, em Portugal, por considerá-la «linguagem sexista».

*in semanário Expresso de 16 de abril de2016

[Sobre esta  querela, cf. "O sexo das palavras e "Dobrar a língua"]

Ainda a posição dos pronomes átonos nas orações de infinitivo

Na sequência da colocação em linha do texto "A colocação dos pronomes clíticos, ou a proliferação dos erros induzidos", de Isabel Casanova, um consulente devidamente identificado (mas com o pedido de reserva pública do nome, por razões profissionais), fazendo referência indireta à Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, enviou ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em 13/04/2016, a seguinte observação:

«Há erro na postagem de hoje da professora Isabel Casanova.

Como se pode ler noutras páginas e em gramáticas, por exemplo postagem do site dicionarioegramatica.com também de hoje, a autora erra ao dizer que o certo teria de ser "sem se privar", em vez de "sem privar-se".»

Segue-se a réplica de Isabel Casanova.

Atenção à homofonia e não só

Quando éramos crianças, o meu pai ditava-nos uma frase que dizia assim: «Sem cansaço, dei cem passos até aos paços do concelho para pedir um conselho a um amigo sobre um conserto dum piano para dar um concerto em S. Carlos.» A dificuldade estava, como se imagina, em distinguir grafias de palavras que soam de forma semelhante: sem/cem; passos/paços; concelho/conselho; conserto/concerto. (...)

Calem-se, por favor, mas de vez!

«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.», sustenta Isabel Casanova, regressada a uma recente querela desencadeada (aqui e aqui) com uma crónica de Miguel Esteves Cardoso – lembrando neste apontamento uma iniciativa do Governo francês, em 1984, quando criou uma comissão de terminologia «encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.»

(...)

«As

«(...) o FC Porto soma até agora 13 derrotas, situando a época 2015 entre as mais piores da história do clube.»

[jornal “Público”, 12/04/2016]

 

O mau emprego do comparativo de superioridade do adjetivo mau1 ou do advérbio mal é dos deslizes mais recorrentes na imprensa portuguesa, anos e anos a fio...

(...)

A colocação dos pronomes clíticos ou<br> A proliferação dos erros induzidos

As gramáticas portuguesas insistem em apresentar a regra de que os pronomes clíticos (ou pronomes átonos) ocorrem presos depois do verbo: «Ele esqueceu-se dos anos do irmão»; «ele privou-se de muita coisa.» É a regra que, sentimos vontade de dizer, é defendida por todas as gramáticas sem exceção. Celso Cunha e Lindley Cintra, por exemplo, falando do pronome átono, dizem «a sua posição lógica, normal [destacado nosso], é a ênclise» e dão como exemplo: «Agarraram-na e conseguiram a muito custo arrastá-la do quarto.» A regra parece simples. No entanto, seguem-se seis páginas de exceções, seis páginas em que a regra da colocação do pronome não é a ênclise (isto é, o pronome não se posiciona depois do verbo), mas a próclise (isto é, o pronome posiciona-se antes do verbo.

[...] Uma regra simples como esta, com tantas exceções, só pode estar errada...

Um ensino por metas

Em jeito de resposta a questões levantadas sobre a exequibilidade dos Programas e Metas Curriculares que, em Portugal, desde o ano letivo de 2015/2016, estão em vigor na disciplina de Português dos ensinos básico e secundário, Maria Regina Rocha, coautora dos referidos documentos (consultar aqui e aqui), sublinha a importância da definição de metas como forma de conferir maior objetividade à avaliação dos alunos por parte de professores e encarregados de educação. Artigo dado à estampa no jornal Público em 12/04/2016 (texto escrito conforme a norma ortográfica de 1945).

Porquê <i>Panama Papers</i>... em Portugal?

É bem verdade que o chamado Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação – no original, em inglês, International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) – é de raiz norte-americana, com sede em Washington. Mas do mesmo modo que, e bem, é em português que ele é noticiado nos media portugueses, qual a razão de grande parte deles preferir o contrário, quando se escreve e se fala do escândalo fiscal por ele revelado? Porquê Panama Papers (...)?

Monumento público com dois erros estruturais graves

Nunca será de mais falar em regência preposicional. Tal como *ninguém necessita uma coisa, nem se *tem a certeza uma coisa, também *ninguém é alvo uma coisa (os asteriscos assinalam a agramaticalidade da construção). Neste cartaz pretende-se dizer que «o castelo foi alvo de transformações»; não foi *alvo transformações. (...)