Uma pesquisa sobre o recente livro O Político e o Cientista: Sócrates e Boaventura, de Maria Filomena Mónica, levou-me a um texto antigo, de 2004, de um blogue, onde dei com a palavra blogodesenvolvido. Diz assim o autor: «Ataca-o referindo a sua poesia (a qual nem comento, aliás esse foi assunto muito blogodesenvolvido há alguns meses) […]».
A inventividade dos falantes e escreventes é realmente infinita e a palavra blogodesenvolvido é pelo menos imaginativa, e pretende significar, como se depreende pelo contexto de escrita, «algo, assunto ou tema, que é desenvolvido num blogue».
A palavra radica-se numa já considerável família de palavras formada a partir do radical blog-, em que se incluem blogue – derivada do termo inglês blog, redução de weblog –, blogar, blogueiro, os seus diminutivos blogueirito e blogueirinho, o seu aumentativo blogueirão, bloguista, blogador, blogger, que não foi aportuguesada mas é muito utilizada, blogosfera, blogosférico, blogoesfericamente e bloguístico.
Os blogues, primeiro na versão intimista e de diário pessoal e depois na versão politizada e de intervenção pública, surgiram no final do século XX e início do XXI. Tiveram uma grande expansão na primeira década do século, permitindo o aparecimento de novos atores sociais, o que levou mesmo a alguma transumância dos blogues para os jornais e as televisões, e também para a política e o humor/entretenimento. Houve ainda, embora com menor expressão, o movimento inverso, ou seja, o de alguns políticos e jornalistas que passaram a aproveitar e a utilizar a blogosfera. Hoje os blogues parecem ter perdido força ou pelo menos concorrem com outras plataformas de comunicação e socialização, pelo que é provável que esta família de palavras não cresça muito mais, e também porque as que existem, e que já são significativas, satisfazem o uso.