A língua portuguesa é cool. O cool em português não tem a panóplia de significados que pode ter na língua de David Cameron que foi muito cool, quer dizer, unfriendly, na ultíssima e decisiva cimeira da União Europeia, at least em relação à Frau Merckel. No idioma de Passos Coelho, a palavra, embora participando da significação do dicionário – something that is cool has a low temperature but is not cold – assume a maviosa textura de uma espécie de modernidade importada. É um must que se confunde com o glamour que só a juventude tem.
Quando o goal de uma campanha de prevenção rodoviária é a desempoeirada gente, à rasca ou não, que circula pelas magníficas autoestradas portuguesas e urge refrear-lhe a estroinice, essa gente que já só pensa em emigrar, o melhor é dirigir-se-lhe num português pós-moderno, ou num pós-português. E foi assim que uma jovem, cool, of course, recebeu um prémio cool das mãos do ministro Miguel Macedo. Ia a menina-toira pela “primavera autónoma das estradas” e eis que, mandada parar e assoprando, as remanescentes autoridades nacionais confirmaram que era e estava cool, cheia de limpinho. Mais cool do que isto nem os campinos no Ribatejo!
Ele já foi o Allgarve e os seus greens cleaníssimos; a West Coast of Europe e o mais que se inventar. E está bem. Albardar o burro à vontade do dono é velhíssima sabedoria. Os discursos dos executivos da Three Gorges e da EDP a seguir à consumação do business ilustram bem esta máxima: um negócio (da) para a China celebrado em Lisboa e saudado em inglês pelos anfitriões. Foi cool.
A verdade é que falar e escrever em português começa a ser teimosia de parolos and a very hard job. Num mundo pós-tudo e, em breve, dusty, urge conseguir-se um up grade consolidado da língua.
That’s all, folks!
Cf. O português do Brasil e a “mania de macaquear” com estrangeirismos