Site em "100% Português", a 30.ª Cimeira do Clima, ter existencial e o uso correto de haver
1. Na rubrica "100% Português", que se desenvolve no mural do Ciberdúvidas no Facebook, retoma-se uma questão antiga. É corrente o emprego de site, vocábulo com a mesma origem latina de sítio1, para designar o conjunto de páginas eletrónicas através das quais uma entidade divulga ou desenvolve a sua atividade. Mas que formas portuguesas são as adequadas para substituir este anglicismo? As respostas convergiram maioritariamente em sítio ou, numa expressão mais precisa, «sítio eletrónico», havendo ainda quem propusesse portal e página. Estas são, de resto, as soluções apresentadas por dicionários de referência como o da Infopédia, o da Academia das Ciências de Lisboa e o Priberam; e, do lado da lexicografia brasileira, sítio, sem qualificativos é o termo vernáculo. No entanto, a polissemia de sítio, conjugada com conotações de informalidade da palavra, parecem favorecer página e portal em contextos mais formais e até reforçam o gosto por site, dado o prestígio do inglês como língua da tecnologia. Diga-se, mesmo assim, que a polissemia não é um problema, porque frequentemente o contexto ajuda a identificar o sentido pretendido, razão por que sítio está só à espera de uso mais frequente quando se fala da Internet.
1 O inglês site tem origem no anglo-francês e francês site, «lugar, local, posição», que evoluiu do latim situs, que tinha o mesmo significado, a par das aceções de «inatividade, preguiça, negligência» (cf. em inglês, Etymonline). A história do português sítio remonta também à mesma palavra latina, com uma transmissão mais caprichosa: «uma alteração semiculta do latim situs, us "posição, situação, assento" e atribuindo a terminação -io à influência [do castelhano] asedio 'assédio' < latim obsidio, onis "ação de sitiar, cerco" ou à do verbo sitiar, que também significou "sentar"(Dicionário Houaiss, s. v. sítio).
2. De 10 a 21 de novembro, na cidade brasileira de Belém, no estado do Pará, decorre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, ou a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, organizada na sequência do anúncio que a ONU fez em 18/05/2023. Este acontecimento é ainda conhecido por Conferências das Partes – decalque do inglês, 30th Conference Of the Parties, abreviado COP30 –, Cimeira do Clima e, informalmente, como COP da Amazónia. Sobre este encontro que se realiza periodicamente, sugerimos a releitura de "Palavras e expressões da crise climática", em O Nosso Idioma.
3. O uso existencial de tem em lugar de há – «tem muitas pessoas na praia», em vez de «há muitas pessoas na praia» – tem sido atribuído aos registos informais das variedades do Brasil e às de outros países de língua portuguesa, com exceção de Portugal. No entanto, mesmo neste último país, há sinais de que, coloquialmente, há falantes que empregam o tem existencial, como revela uma pergunta dos alunos da Escola Secundária da Senhora da Hora (Porto), que assim participaram no 43.º episódio da rubrica em vídeo "O Ciberdúvidas Vai às Escolas". Em "Ciberdúvidas Responde", o verbo haver está no centro das atenções do 48.º episódio, a propósito de uma questão recorrente: diz-se «haviam muitos livros« ou «havia muito livros»? Porquê?
4. De 3 a 7 de novembro, novas respostas e artigos ficaram em linha no Consultório, em O Nosso idioma, Pelourinho e Controvérsias. Todos estes conteúdos podem ser consultados na página principal, quer nos Destaques quer na lista de "Dúvidas recentes", no topo.
5. Quanto aos programas Língua de Todos e Páginas de Português, que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública de Portugal, consulte-se a informação disponível na rubrica Notícias bem como nos Destaques.
