Temos apontado aqui várias fórmulas arrevesadas que pululam nos relatos e comentários sobre futebol. Registamos, neste dia, mais uma: «à condição». Porquê esta perseverança em falar num registo «pseudotécnico» sobre assuntos que dizem respeito a um desporto tão popular? Pode haver várias explicações...
Sugerimos uma releitura dos principais textos que temos sobre o assunto:
A propósito do lançamento dos Novos Programas para o Ensino Básico, Carlos Reis, coordenador do projecto, dá as pinceladas de fundo no retrato do ensino da língua portuguesa em Portugal nos últimos 20 anos (pelo menos):
Ler: versão integral da entrevista ao jornal Público.
Recomendamos, a este propósito, a leitura da obra (de 1977) Pragmática Linguística e Ensino do Português (Coimbra, Livraria Almedina). Podemos já ler aí que «Só partindo de uma reflexão teórica (...) poderá o professor de Português avaliar o alcance da sua actuação didáctica e tomar consciência da especificidade da sua função» (p. 99).
1. O Que É Um Advérbio? é o título do livro de Ana Costa e João Costa (Edições Colibri). A pergunta-título é uma alavanca para a reflexão sobre o comportamento e a função de certas palavras que são grosso modo classificadas como advérbios, mas que, na realidade, fogem a quase todos os critérios morfológicos, sintácticos e semânticos) de delimitação desta classe de palavras. Lindley Cintra e Celso Cunha falam de palavras denotativas (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, p. 548), António Franco trabalha a noção de partículas modais... É esta questão que vem (parcialmente) reflectida na crónica do Sol desta semana.
2. A actualização deste dia reúne um número considerável de expressões fixas com a estrutura y como x (seco como pó; escuro como breu; frio como gelo; bravo como um leão). Sugerimos a propósito a leitura do artigo Sintaxe, semântica e pragmática das comparações emblemáticas e estruturas aparentadas, de Joaquim Fonseca.
1. Os ministros da Cultura de Cabo Verde e Portugal, Manuel Veiga e Pinto Ribeiro, respectivamente, concordaram em acertar uma data comum para a entrada em vigor do Acordo Ortográfico ainda este ano nos dois países. O ministro português manifestou o desejo de este compromisso se alargar de forma concertada a toda a Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP), mas considera que «não é possível esperar mais uns pelos outros».
2. No programa Cuidado com a Língua! de segunda-feira, 9 de Fevereiro (RTP 1, às 21h15, hora oficial em Portugal continental), Diogo Infante contracenará com Rita Blanco, à volta do léxico do amor e da paixão. Por exemplo, a diferença entre uma e outra palavra, nas suas várias acepções. Ou quando se utiliza boda, no singular, e bodas, no plural. Ou, ainda, sobre a origem da expressão «anda mouro na costa». E qual é o erro mais recorrente nas frases com o verbo gostar? O programa é repetido nos canais internacionais da televisão pública portuguesa ou, em diferido, aqui.
3. Na actualização deste dia, salienta-se uma pergunta recorrente: as unidades (peso, medida e outras) têm plural? Têm, como mostra a resposta sobre decibel, cujo plural é decibéis.
1. O programa Língua de Todos (na RDP África, 6 e 7 de Fevereiro, sexta-feira e sábado, respectivamente, às 13h15) será dedicado a uma conversa com o ministro da Cultura de Cabo Verde, Manuel Veiga, sobre o alfabeto unificado dos crioulos cabo-verdianos e a ratificação do Acordo Ortográfico pelo governo da Cidade da Praia.
2. Sobre o cabo-verdiano e a língua portuguesa em Cabo Verde, pode ler-se no Ciberdúvidas:
Herança e contacto são dimensões da identidade linguística. Pelos topónimos (e não só) se liga o português ao galego, apesar da ortografia diferente. Pelas viagens, chegaram ao Brasil Cavalcantis e ao Japão jesuítas que terão contribuído para os primeiros sistemas de transcrição do idioma nipónico em caracteres latinos. Esta língua não se mostrou, portanto, invulnerável a outras, e foi graças ao intercurso de culturas que cresceu.
Evocam-se neste dia os árabes contemporâneos e os de antanho, os de Al-Andalus: os seus almirantes dominavam o Mediterrâneo, e as mulheres de Lisboa, Cádis ou Valência desejavam-lhes bom regresso, dizendo in xá`lláh («oxalá»). Também não são esquecidos os bascos pirenaicos, reconquistadores façanhudos. Que narrador para esta estória?
1. Bakhtine formulou-o, Ducrot retomou-o — o conceito de polifonia no discurso: o enunciado, dirigindo-se ao interlocutor dirige-se, na realidade, à maneira pela qual as outras vozes ressoam e se cristalizam na consciência deste. Para além da organização estrutural da língua, em latência, estão actuantes os usos que outros falantes dela fizeram, noutros tempos e lugares: «Aquele que usa a língua não é o primeiro falante que rompeu pela primeira vez o eterno silêncio de um mundo mudo. (...) Cada enunciado é um elo na cadeia complexa e de outros enunciados» (Bakhtine, Mikhail — Speech Genres and Other Late Essays, 1986:69).
2. A entrada em vigor do Acordo Ortográfico no Brasil impulsionou a criação de instrumentos de apoio à escrita. Deixamos aqui anotados dois:
1. Quando se fala de língua, nem sempre é fácil fazer previsões. Quando se trata de variedades do português, descobre-se que a criatividade de uma pode ser solução para outra. Quando se observam os substantivos colectivos, vê-se que o grau aumentativo tem muitas restrições. Quando se escreve um nome próprio, convém saber que pode haver variantes. E se mais tópicos vierem à baila, o melhor é consultar a nova actualização.
2. O Cuidado com a Língua! de 2 de Fevereiro, segunda-feira, (RTP 1, 21h18, hora oficial em Portugal continental), põe Diogo Infante de regresso aos bancos da escola, entre cábulas, chumbos e um certo «espírito santo de orelha». Com repetição nos canais internacionais da televisão pública portuguesa ou, em diferido, aqui.
1. E quando os tempos verbais não se limitam à função — só aparentemente óbvia — de situar as acções na linha temporal que tem a interacção verbal como ponto de referência (presente, passado e futuro)? Por exemplo, quando o presente do indicativo é usado para referir factos históricos ou quando o pretérito imperfeito serve para fazer fazer pedidos realizáveis no momento presente? Este é um interessante campo de estudo, com aplicação em muitas áreas, designadamente na interpretação de discursos mediatizados.
2. O programa Língua de Todos da próxima sexta-feira (13h15) incidirá sobre a adopção do Acordo Ortográfico por Cabo Verde, já a partir deste Verão, bem como a decisão do governo da Cidade da Praia para um alfabeto unificado da escrita dos crioulos cabo-verdianos.
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