Há o estudo e há os factos: para a promoção de uma língua não conta apenas o número de falantes mas também (e principalmente?) a dinâmica cultural, económica e científica assumida pela comunidade linguística em causa. No ano passado saiu o estudo dirigido por Carlos Reis que atestava o desfasamento entre o elevado número de falantes do português e os níveis pouco expressivos da presença da língua no mundo. Na proporção inversa, o facto: na semana passada, a II Edição dos Prémios Pompeu Fabra distinguiu a empresa Google por esta adoptar uma política que permitiu a integração da língua catalã nos serviços disponibilizados.
Ainda se vai a tempo de travar a aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal? Qual a posição, a este respeito, da ministra da Cultura e da ministra da Educação de Portugal? A hesitação a que assistimos deve-se à forma como está a ser tratada a activação do Acordo, ou ao próprio texto do Acordo? A nova ortografia vem alterar a pronúncia?
Eis as perguntas lançadas no texto publicado, neste dia, no Público, com a assinatura de Alexandra Prado Coelho, e a que se dá resposta, a várias vozes.
Afinal, balanços que, no Brasil, já foram feitos, como esta reportagem exemplifica:
É justamente este tema que vai estar em cima da mesa no programa Língua de Todos (RDP África, dia 1, 13h15*, com repetição no dia seguinte, às 09h15*): dos países africanos de língua oficial portuguesa, Angola e Moçambique ainda não ratificaram o Acordo Ortográfico. Um silêncio que fala alto? Até agora nada se ouviu por parte das respectivas entidades oficiais. Porquê? Respondem, entre outros, os escritores José Eduardo Agualusa (angolano) e João Paulo Borges Coelho (moçambicano).
O programa Páginas de Português (Antena 2, dia 3, 17h00*) também lhe dá atenção: o Acordo Ortográfico começa a ser aplicado na agência Lusa. E como vai ser nos principais jornais portugueses? Respondem, entre outros, os directores dos títulos Record, Expresso e Sol. para além do director de Informação da agência de notícias portuguesa, Luís Miguel Viana. E qual é o significado da palavra ortografia? E o que distingue língua-padrão de norma-padrão?
Exodôncia, fitoesteróis, cantiléver... parecem palavras do outro mundo, mas não são. Do outro mundo é, de facto, a língua criada pelo linguista Paul Frommer, professor da Universidade da Califórnia, para o filme Avatar. Trata-se de um caso que se pode transformar num excelente pretexto, a utilizar em sala de aula, para explicar um agregado de noções fundamentais em linguística, entre elas a de língua natural e a de faculdade de linguagem. Fica a sugestão.
Assinala-se nesta data o Dia Internacional do Imigrante. A imigração representa para Portugal, inquestionavelmente, uma oportunidade de avanço, não só no plano do desenvolvimento económico, mas também no domínio cultural e linguístico.
A versão moderna da realidade quinhentista dos «povos em contacto» é também uma oportunidade para os que vivem em Portugal ficarem a conhecer alguma coisa da língua dos que escolhem o nosso país para viver. É um mito pensar que a aprendizagem das línguas deve ser sequencial. Até à idade crítica (12-14 anos), a criança pode ganhar uma multicompetência linguística quase sem esforço. Há factores biológicos que o determinam, como sejam a plasticidade do cérebro (no cérebro da criança, os dois hemisférios são mais interactuantes do que no do adulto. Depois há factores situacionais, como a exposição à língua. Numa altura em que as crianças passam muito do seu tempo a ver televisão, a dobragem pode ser um obstáculo ao acesso a outras línguas.
Qual o factor que está na afirmação de uma língua no mundo? Sem dúvida, o zelo institucional, com destaque para o papel da escola e da universidade.
Mas há uma outra via, de efeitos muito rápidos e com variáveis impossíveis de controlar. É a via do crescimento económico de um país.
O contraste entre as duas notícias abaixo é esclarecedor:
• Negócios com Angola estimulam ensino do português na China
• Sobrevivência da língua portuguesa está sob ameaça de sectores radicais
O Instituto da Língua Galega (ILG), da Universidade de Santiago de Compostela, e a Universidade Federal do Pará (UFPA) trabalham no projecto Tesouro do léxico patrimonial galego e português, com vista à construção de uma base de dados lexicográfica do galego e do português, com informações acerca das variedades dialectais faladas na Galiza, em Portugal e no Brasil.
O inventário lexicográfico é um passo fundamental no reconhecimento do estatuto de uma língua. Não é por acaso que o dicionário é a obra julgada como sendo o repositório de um idioma. Não o é, de facto. No entanto, é um instrumento essencial para a consciência metalinguística que todo ofalante tem de desenvolver, quer em relação à sua língua materna, quer relativamente à(s) língua(s) segunda(s). Daí que seja tão importante dar orientações sobre consulta de dicionários.
Antes de falarmos, já estamos a emitir sinais: através do código de vestuário e da compleição física — por muito que nos custe reconhecê-lo. Mas o passo seguinte, o exercício da fala, também não é alheio a uma estética: é necessário transmitir um discurso confiante, empático, organizado e doseadamente estilizado.
375: é o número de e-books em língua portuguesa (obras de Eça de Queirós, Cesário Verde ou Camilo Castelo Branco, entre outros clássicos) que constam do Projecto Gutenberg. O número pode não parecer muito elevado, mas há a assinalar o facto de a digitilização destas obras se dever ao Voluntariado Literário, organização constituída por 255 voluntários — portugueses, brasileiros e imigrantes lusos em vários países da Europa, cuja tarefa é eliminar as gralhas resultantes da digitalização automática.
Quanto mais revisores houver, mais obras é possível disponibilizar. Deixamos o repto aos nossos consulentes.
Reflectir maduramente sobre uma futura Academia da Língua Portuguesa — é o propósito declarado da ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas. A normalização do português europeu, instrumento fulcral em áreas como a comunicação social, a tradução e o ensino, é, actualmente, uma zona de ninguém. A investigação em linguística portuguesa com os países lusófonos em intercâmbio é uma quimera. Uma Academia da Língua Portuguesa, que colocasse em comunhão linguistas de várias domínios, seria um passo importante para a afirmação do português no mundo. Porque não há normalização possível sem suporte teórico consistente e sério.
O exemplo a seguir temo-lo aqui mesmo ao lado: a Nova Gramática da Língua Espanhola é hoje lançada nos países onde o espanhol é língua oficial. Alguns números: reuniu 22 academias da língua espanhola, demorou 11 anos a ser construída e estende-se ao longo de 4000 páginas. Por isso foi qualificada de «colectiva, consensual e ambiciosa» — e justamente.
Já sobre o novo Acordo Ortográfico, é certo: a ministra confirmou que «se seguirá o que está planificado, e em Janeiro entrará em vigor», com a grafia das publicações do Diário da República, a partir de 2010, a abrir caminho.
Prémio Nobel da Paz 2009: Barak Obama. Nobel é palavra aguda, ou grave? Nobelizar, nobelizado, nobelizável existem? É correcto formar o plural de Nobel? E qual a forma de plural, então?
Passemos em revista perguntas e artigos que temos sobre este tema:
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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