1. O vocabulário angolano não faz parte do vocabulário comum — é uma constatação fácil de fazer, dado que, efectivamente, não há um vocabulário comum aos países da CPLP. Esta é, porém, a justificação das autoridades de Angola para o pedido de uma moratória de três anos, com vista à posterior ratificação do Acordo Ortográfico por parte daquele país africano.
Deixamos, a propósito, um testemunho antigo do escritor José Eduardo Agualusa:
Acorda, Acordo, ou dorme para sempre.
2. O número de alunos estrangeiros de Português nas nossas escolas e universidades tem um peso significativo, a que não corresponde suficiente investimento, de ordem metodológica e teórica, no ensino do Português. Assim sendo, os estudos criteriosos sobre a aquisição do português como língua estrangeira e segunda são sempre um contributo importante.
Relevamos neste dia o estudo de Joana Pimentel do Rosário, sobre a aquisição dos clíticos. Sabia, por exemplo, que a ênclise é a opção preferida dos aprendentes? Que os clíticos que cumprem uma função sintáctica são mais fáceis de adquirir do que, por exemplo, o se apassivante ou o se indeterminado? Ou que as dificuldades de um aprendente de língua francesa não são as mesmas das de um aprendente de língua inglesa?
Faleceu na madrugada de sábado, dia 13 de Março, o jornalista português José Gabriel Viegas, vítima de cancro no pâncreas.
Grande amigo do Ciberdúvidas desde a sua fundação, muito este projecto lhe é tributário pela sua continuidade, depois do súbito falecimento de João Carreira Bom, de quem foi colaborador muito chegado.
Profissionalmente, José Gabriel Viegas destacou-se ainda antes do 25 de Abril de 1974, quando, no exílio, foi jornalista-locutor nas emissões em português da France Inter, o canal internacional da rádio pública francesa, que ombreava com a BBC grande popularidade nos meios oposicionistas e anticolonialistas em Portugal e nas suas então colónias africanas.
Com a instauração da democracia em Portugal, regressou ao país trabalhando em vários órgãos de informação, primeiro na RDP e na RTP, entre 1974 e 1975. Depois, integrou os quadros redactoriais da então agência de notícias Anop e dos já extintos jornais Diário de Lisboa, A Luta e O Século.
Colaborador de outras publicações como a revista Sábado, foi no semanário Expresso, como crítico literário (nomeadamente de obras de história contemporânea mundial), que mais se destacou a sua intervenção na imprensa nacional nos últimos vinte anos. De sólida cultura humanística, a política internacional – e, em particular, a da zona dos Balcãs – foi outra das suas áreas preferidas, onde era considerado um especialista.
Integrou o júri do Prémio Crónica João Carreira Bom, em homenagem ao co-fundador do Ciberdúvidas, concretizado graças ao generoso patrocínio da Vodafone Portugal.
José Gabriel Viegas trabalhava no departamento de comunicação institucional, assessorando directamente a sua responsável, Luísa Pestana, presidente executiva da Fundação Vodafone.
Na política, integrou em 1978 o gabinete do então secretário de Estado da Cultura do II Governo Constitucional português, António Reis.
Ler aqui a notícia da agência de notícias Lusa.
O que se estuda num curso de linguística? Para que serve a linguística? A linguística defende a língua contra a sua degenerescência? A linguística é um estudo científico? Sírio Ponsseti é eloquente nas respostas, num artigo publicado no Terra Magazine: «(...) Comentários assim sempre me fazem perguntar o que será que eles acham que se estuda em um curso de letras de uma universidade como a Unicamp. Será que imaginam que damos aulas de regência e concordância, de uso de acentos e de maiúsculas? Isso é mais ou menos como supor que, no curso de matemática de uma universidade, os alunos aprendem tabuada e regra de três. E que os de biologia estudam os nomes dos ossos e a localização do baço. E que os de computação aprendem a ligar o micro na tomada e a espiar "melhor" no YouTube.»
Recomendamos também, como contraponto paródico, a revisitação de Exorcismo, de Carlos Drummond de Andrade.
No Plenário da II Reunião da Assembleia Parlamentar do bloco lusófono, em Lisboa, o presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde fez valer a necessidade de valorizar (e financiar) o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que considerou ser o «braço armado da CPLP».
Há mais de 15 mil alunos de Português na costa leste dos Estados Unidos. Qual o futuro do ensino comunitário? A opção pelo ensino integrado será, em todas as circunstâncias, a opção favorável? Como é feita a qualificação de professores? Há certificação de competências? Que visibilidade tem a comunidade portuguesa na região? Estas foram questões de pano de fundo na última reunião de Conselheiros das Comunidades Portuguesas na Costa dos EUA.
Doravante, a Porto Editora disponibilizará resumos de obras em língua portuguesa de autores consagrados, e visados no sistema de ensino português, para serem lidos e ouvidos em telemóveis (em sistema compatível com o iPod Touch e iPad. «A partir de agora é possível vermos jovens estudantes na rua com os seus telemóveis e os seus auriculares a ouvir os resumos», assim se preparando «para os exames ou para as provas», declarou Paulo Gonçalves, do gabinete de comunicação e imagem da empresa.
Se os conteúdos se limitarem a resumos, o cenário é verosímil. Mais difícil será quando as matérias se centrarem na função do modificador restritivo, nas orações relativas substantivas ou nos valores aspectuais de frase. Mas... tudo é possível.
No Luxemburgo conseguiu-se a introdução do português no currículo oficial do ensino pré-universitário. Conseguir-se-á o mesmo em Andorra? O presidente da República de Portugal, de visita ao principado, quis deixar uma «porta aberta» para a entrada da língua portuguesa no sistema de ensino andorrano. Façamos votos para que ninguém a feche antes do tempo.
1. Estava tudo preparado: por ocasião da visita do presidente da República de Portugal a Andorra, ia ser lançado o LusoJornal Andorra. Porém, a publicação não foi autorizada pelo executivo do principado. A publicação teria de ser bilingue, português-catalão.
2. A sexta exposição temporária no Museu da Língua, em São Paulo, Brasil, é dedicada aos erros de língua que mais frequentemente circulam na comunicação dos falantes brasileiros. Tem o título Menas: o certo do errado, o errado do certo.
3. O Acordo Ortográfico patina em Portugal ou os portugueses já sambaram no que toca à unificação da grafia? Se não houver outra moralidade a tirar da querela do Acordo, ficam as metáforas.
4. Temas do programa Língua de Todos (RDP África, dia 5, 13h15*, com repetição no dia seguinte, às 9h15*): A entrega do Prémio Leya ao escritor luso-moçambicano João Paulo Borges Coelho e a língua portuguesa, hoje, em Moçambique. E como se processa a utilização da vírgula nas frases introduzidas por contudo, porém e como?
Para o programa Páginas de Português (Antena 2, dia 17, 17h00*) está destinada uma conversa com a escritora portuguesa Lídia Jorge sobre a língua portuguesa, enquanto língua de comunicação, de cultura e de negócios. Clique aqui para ter acesso aos arquivos dos programas.
*Hora de Portugal continental.
Já aqui salientámos, por diversas vezes, o risco (e mau sintoma) que é o definhamento do ensino do latim, no ensino secundário, em Portugal. Pois, em certas escolas primárias de Londres, aprender latim é um verdadeiro sucesso junto da pequenada. Há razões para isso, que não passam apenas pelas novas tecnologias e divertidas pedagogias. É que (i) a tradução do latim para o inglês (ou para outra língua) afigura-se sempre como um desafio, (ii) a descoberta de raízes latinas no léxico do inglês (ou de qualquer outra língua) é realmente fascinante, (iii) a gramática é um puzzle que bate sempre certo e cujas regras podem ser transferidas quer para um conhecimento reflectido da língua-mãe, quer para a aquisição de quaisquer outras línguas segundas. E, depois, há, claro, toda a cultura greco-latina.
Uma comédia e uma lição sobre a origem e a evolução do português do Brasil: é esta uma combinação possível? É e está em cena até 27 de Março, no Teatro Gamboa Nova, Salvador, Brasil. Intitula-se Um Caso de Língua.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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