1. De que os textos da área do direito têm de ser bem escritos, ninguém duvida. O que mais dificilmente se aceita é que os juízes tenham de ter formação específica na área da expressão escrita. Assim é em Portugal. Mas não no Brasil, pelo menos no estado de Alagoas.
2. Será que as diferenças dialectais podem ser geradas, intencionalmente, por um dado grupo de falantes? E como avaliar o grau de intencionalidade? É sobre esta vertente da variação diastrática que se debruça uma das respostas da actualização deste dia.
3. O que significam as palavras monoplay, doubleplay, spinoff? Se o consulente não souber, é porque está na altura de se inscrever num dos muitos cursos de inglês que abundam no mercado da aprendizagem de línguas. Isto se quiser entender o que o presidente da PT tem para dizer... em português.
1. O português do Brasil está a afectar o português falado em Angola e Moçambique, muito por via do sucesso das novelas da Globo. O mesmo também já aconteceu (acontece?) em Portugal. A diferença está em que o alargamento da influência linguística é o reverso da moeda da influência económica e política do Brasil.
2. Entre 1974 e 1991, inúmeros militares aprenderam português por necessidade profissional, dado que exerciam actividades na África lusófona. E de então até hoje? Apesar de o português já não ser tão popular como era no período soviético, as universidades de Moscovo e Sampetersburgo têm, no conjunto, mais de 300 alunos inscritos na disciplina de Língua Portuguesa.
3. Neste dia, destaque para um poema de João Cabral de Melo Neto a António de Moraes Silva:«O léxico em mel-de-engenho/ que ao português integrou,/o pão alegre da cachaça/ que de certo destilou,/ a sintaxe canavial,/ a prosódia do calor,/ que escutou de sua rede/ nos descansos de escritor.»
1. «Nossa língua, tenho certeza, além de bela, é sábia», declarou António Sartini, director do Museu da Língua, em São Paulo, que vê no Acordo Ortográfico um bom instrumento «para que o belo idioma se desenvolva livremente em cada país».
2. Rui Zink, no seu blogue, reflecte, brevemente, sobre o lavar de mãos para com a violência nas escolas, que segue de par com o lavar de mãos relativamente à língua.
3. Na voragem da escrita acelerada em blogues, chats e fóruns, aparece, de vez em quando, um apelo a tréguas nos maus-tratos dados à língua portuguesa. Deixamos aqui um exemplo. Era bom que estes SOS se propagassem.
4. Devido a alterações de programação da RTP 1, o quarto episódio da 6.ª série do programa Cuidado com a Língua! foi adiado para segunda-feira, dia 29 de Março.
5. Um trabalho em comum, é o que defende Isabel Alçada, ministra da Educação de Portugal. Assim sendo, é só preciso saber, então, com que métodos, recursos humanos e financiamento.
Que relação há entre o galego e o português: continuação histórica? Identidade?
Lindley Cintra, em 1984, incluiu na Nova Gramática do Português Contemporâneo os dialectos galegos como fazendo parte do português, e o Vocabulário da Língua Portuguesa integra palavras galegas. Porquê?
O galego foi, ou ainda é, uma língua? Os galegos são lusofalantes?
Vêm estas perguntas a propósito do recém-criado grupo no Facebook: EU APOIO A ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA. Vale a pena acompanhar a questão — que não é só linguística.
Ao abrigo dos acordos de cooperação entre Portugal e Angola, especificamente para o ensino superior, os dois países estão a trabalhar no sentido da integração de Angola no 7.º programa Quadro de Investigação da União Europeia, com benefícios na atribuição de bolsas, participação em eventos científicos internacionais, construção de parques tecnológicos, mobilidade de docentes, entre outros efeitos. A ir avante, Portugal passa a ter um parceiro lusófono de peso na UE.
1. O conhecido sítio alemão de aprendizagem de línguas, o Babbel.com, acabou de integrar o ensino em linha do português, em regime de aprendizagem autónomo e em regime tutorial. Há ainda a oferta do português para fins específicos, com especial atenção para o vocabulário do futebol. A variedade do português é, naturalmente, a do Brasil.
2. O embaixador de Portugal em Paris declarou recentemente que «O melhor caminho é a articulação forte entre Portugal e Brasil para a promoção da língua portuguesa nos espaços multilaterais e internacionais». Uma articulação nova e revigorante — espera-se. É que a que vigorou até agora ficou enredada em desconfianças e acusações.
3. (Re)visite a secção Pelourinho: em foco está a questão da pronúncia da palavra media.
1. O vocabulário angolano não faz parte do vocabulário comum — é uma constatação fácil de fazer, dado que, efectivamente, não há um vocabulário comum aos países da CPLP. Esta é, porém, a justificação das autoridades de Angola para o pedido de uma moratória de três anos, com vista à posterior ratificação do Acordo Ortográfico por parte daquele país africano.
Deixamos, a propósito, um testemunho antigo do escritor José Eduardo Agualusa:
Acorda, Acordo, ou dorme para sempre.
2. O número de alunos estrangeiros de Português nas nossas escolas e universidades tem um peso significativo, a que não corresponde suficiente investimento, de ordem metodológica e teórica, no ensino do Português. Assim sendo, os estudos criteriosos sobre a aquisição do português como língua estrangeira e segunda são sempre um contributo importante.
Relevamos neste dia o estudo de Joana Pimentel do Rosário, sobre a aquisição dos clíticos. Sabia, por exemplo, que a ênclise é a opção preferida dos aprendentes? Que os clíticos que cumprem uma função sintáctica são mais fáceis de adquirir do que, por exemplo, o se apassivante ou o se indeterminado? Ou que as dificuldades de um aprendente de língua francesa não são as mesmas das de um aprendente de língua inglesa?
Faleceu na madrugada de sábado, dia 13 de Março, o jornalista português José Gabriel Viegas, vítima de cancro no pâncreas.
Grande amigo do Ciberdúvidas desde a sua fundação, muito este projecto lhe é tributário pela sua continuidade, depois do súbito falecimento de João Carreira Bom, de quem foi colaborador muito chegado.
Profissionalmente, José Gabriel Viegas destacou-se ainda antes do 25 de Abril de 1974, quando, no exílio, foi jornalista-locutor nas emissões em português da France Inter, o canal internacional da rádio pública francesa, que ombreava com a BBC grande popularidade nos meios oposicionistas e anticolonialistas em Portugal e nas suas então colónias africanas.
Com a instauração da democracia em Portugal, regressou ao país trabalhando em vários órgãos de informação, primeiro na RDP e na RTP, entre 1974 e 1975. Depois, integrou os quadros redactoriais da então agência de notícias Anop e dos já extintos jornais Diário de Lisboa, A Luta e O Século.
Colaborador de outras publicações como a revista Sábado, foi no semanário Expresso, como crítico literário (nomeadamente de obras de história contemporânea mundial), que mais se destacou a sua intervenção na imprensa nacional nos últimos vinte anos. De sólida cultura humanística, a política internacional – e, em particular, a da zona dos Balcãs – foi outra das suas áreas preferidas, onde era considerado um especialista.
Integrou o júri do Prémio Crónica João Carreira Bom, em homenagem ao co-fundador do Ciberdúvidas, concretizado graças ao generoso patrocínio da Vodafone Portugal.
José Gabriel Viegas trabalhava no departamento de comunicação institucional, assessorando directamente a sua responsável, Luísa Pestana, presidente executiva da Fundação Vodafone.
Na política, integrou em 1978 o gabinete do então secretário de Estado da Cultura do II Governo Constitucional português, António Reis.
Ler aqui a notícia da agência de notícias Lusa.
O que se estuda num curso de linguística? Para que serve a linguística? A linguística defende a língua contra a sua degenerescência? A linguística é um estudo científico? Sírio Ponsseti é eloquente nas respostas, num artigo publicado no Terra Magazine: «(...) Comentários assim sempre me fazem perguntar o que será que eles acham que se estuda em um curso de letras de uma universidade como a Unicamp. Será que imaginam que damos aulas de regência e concordância, de uso de acentos e de maiúsculas? Isso é mais ou menos como supor que, no curso de matemática de uma universidade, os alunos aprendem tabuada e regra de três. E que os de biologia estudam os nomes dos ossos e a localização do baço. E que os de computação aprendem a ligar o micro na tomada e a espiar "melhor" no YouTube.»
Recomendamos também, como contraponto paródico, a revisitação de Exorcismo, de Carlos Drummond de Andrade.
No Plenário da II Reunião da Assembleia Parlamentar do bloco lusófono, em Lisboa, o presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde fez valer a necessidade de valorizar (e financiar) o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que considerou ser o «braço armado da CPLP».
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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