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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

«A crise que Portugal vive também tem reflexos na linguagem. Expressões novas entram todos os dias no nosso quotidiano. Antes da crise sabíamos que existia dívida pública mas porventura nem todos saberíamos que existia dívida soberana!», salienta Paulo Barata. A dívida não só é soberana como é monumental: 150 mil milhões de euros, 90% do PIB.

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1. Fica em linha um excerto do texto A Voz do Mar, lido por Vergílio Ferreira em 1991, na cerimónia em que lhe foi atribuído o Prémio Europália (Bruxelas). Trata-se de um discurso manifestamente de afirmação da língua portuguesa como reflexo  da cultura de um povo cuja identidade é indissociável do mar. Destaca-se daí uma frase lapidar – «Da minha língua vê-se o mar» – que, pela sua carga simbólica, figura na página inicial do sítio da Embaixada de Portugal em Luanda, sobressaindo como marca de assertividade poética com que é introduzido o discurso da conferência sobre o «Lançamento da Estratégia Europeia para o Atlântico» (novembro 2011).

2. Ontem como hoje, as críticas do Pe. António Vieira continuam válidas: «Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afectado, um estilo tão encontrado a toda a arte e a toda a literatura?» É mais um texto que entra em O Nosso Idioma.

3. Tema do último programa Língua de Todos de 2011 [sexta-feira, 30/12, às 13h15, na RDP África (com repetição no dia seguinte, às 9h15*)]: uma conversa com o diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o brasileiro Gilvan Müller de Oliveira, a propósito do  colóquio internacional sobre a língua oficial da CPLP nas diásporas africanas e europeias. E deve dizer-se «vende-se casas», ou «vendem-se casas»?

3. No dia seguinte, primeiro dia do novo ano de 2012, no programa Páginas de Português [domingo, 1/01, 17h00* na Antena 2]: «É preciso criar algum desconforto em quem recebe o subsídio, faz uns ganchos e se socorre de todo o tipo de almofadas sociais». «Nervosismo dos mercados». «Stress da economia». «Flexibilidade das leis laborais». «Pobres» versus «economicamente débeis». Ou, ainda, o «subsídio de reinserção social», que passou a denominar-se «rendimento mínimo garantido». Alguns dos eufemismos e dos malabarismos semânticos que, nestes tempos de crise e de austeridade, dominam o discurso mediático em Portugal. Facilitam ou, antes, dificultam, e distorcem, a visão da realidade que nos rodeia? A abordagem da linguista Margarita Correia. Destaque, ainda, para o recém-editado livro Português, Língua e Ensino, de Isabel Duarte e Olívia Figueiredo.

4. Depois  da interrupção, no período do Natal e do fim de ano, o consultório do Ciberdúvidas volta às suas atualizações diárias no dia 2 de janeiro. Até lá, ficam os nossos renovados votos de boas festas a todos os amigos da língua portuguesa.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. « (...) Dias há em que mais valia não ligar a televisão», escreve o jornalista Wilton Fonseca em mais um apontamento à volta de erros e desleixos na escrita jornalística em Portugal.

2. Interrompido com as férias natalícias e do fim de ano, o consultório do Ciberdúvidas volta às suas atualizações diárias no dia 2 de janeiro. Até lá, ficam os nossos votos de boas festas a todos os amigos da língua portuguesa.



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Esta é a última atualização do consultório do Ciberdúvidas antes do Natal (regressamos em 2 de janeiro). Podíamos aproveitar o ensejo para advertir o consulente de que não deve dizer "pais-natal", mas, sim, pais-natais; de que seráfico se escreve com s, pois não vem de cera; de que presépio não é nome coletivo (independentemente da inconsequência da classificação) e outras normas quejandas.

Mas não. Deixamos-lhe antes uma página de Cadeira de Balanço, de Carlos Drummond de Andrade. Um texto longo, sem imagem — para ler.

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

 

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Cozinhar em Português é um livro que ensina a língua ao mesmo tempo que põe o aluno a cozinhar. É um material original no universo da oferta de recursos de ensino do português língua estrangeira.

A autora, Liliana Gonçalves, é mestre em Português Língua Segunda/Língua Estrangeira e leciona desde 2005 na Universidade de Comunicação da China, em Pequim. 

A chancela é da Lidel.

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A Educare.pt, da Porto Editora, publica uma interessante reportagem sobre três casos de professores, de português e de outras disciplinas, a lecionar no estrangeiro. Sob o relato de experiências, há o pano de fundo das condições de lecionação no estrangeiro: concursos, avaliação e a conservação da autoridade do professor.

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Em Goa, onde desde 1962 o inglês é língua oficial, o português continua a ser ensinado a mais de 1300 alunos, em escolas públicas e privadas, e a Universidade de Goa tem um mestrado em Estudos Portugueses desde 1988. O ponto da situação é feito por Delfim Correia da Silva, responsável pelo Centro de Língua Portuguesa em Goa. Todos os anos, cerca de 400 goeses obtêm passaporte português, com o objetivo de emigrar e trabalhar em Portugal.

Mas, dizem os mais velhos que ainda falam a língua de Camões: «A cultura portuguesa em Goa tem os dias contados.»

Só é assim, se assim deixarmos que seja.

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Os filhos de imigrantes de países de línguas oficiais diferentes têm condições ótimas para o bilinguismo, condições que nunca deveriam ser desperdiçadas. Já aqui referimos os benefícios do bilinguismo, mas há a destacar um, em estilo de paráfrase deste artigo do The Washington Post: o indivíduo bilingue é o que mais facilmente conquista uma invejável posição nos mercados de trabalho futuros.

E a questão é tanto mais pertinente quanto mais se sabe sobre a incerteza do ensino do português no estrangeiro a filhos de emigrantes portugueses.

A propósito, o Coletivo para a Defesa do Ensino do Português no Estrangeiro vai apresentar uma queixa ao provedor de Justiça contra o Estado português por considerar que a redução do número de professores em França viola a Constituição.

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