Austeridade: foi a palavra eleita para figurar como palavra do ano de 2011, de um lote de dez previamente selecionadas. Em segundo lugar ficou esperança e, em terceiro, troika. Trata-se de uma atividade promovida, desde 2009, pela Porto Editora.
Rankings deste tipo são comuns noutras línguas europeias, também promovidos por editoras de dicionários. Para o inglês, a equipa responsável pelo dicionário da Oxford apurou o termo squeezed middle, que significa qualquer coisa como «classe média espremida», isto é, «o (largo) setor da sociedade particularmente afetado por inflação, congelamento de salários e cortes na despesa pública».
Já aqui temos relevado o facto de a aquisição multilingue na infância ser uma benesse. Mas nada melhor do que deixar um testemunho. E se esse testemunho for de George Steiner, tanto melhor:
«Aprendi italiano depois do inglês, do francês e do alemão, as minhas três línguas de infância. A minha mãe começava uma frase num idioma e acabava-a noutro, sem reparar. Não tive língua materna, mas, ao contrário do que se diz, isso é bastante comum. Na Suécia, fala-se finlandês e sueco; na Malásia, falam três línguas. Essa ideia de uma língua materna é uma ideia muito nacionalista e romântica.»
Há vários modelos de aperfeiçoamento da didática de uma língua estrangeira. Todos eles passam (ou deviam passar) por ouvir as queixas dos aprendentes, como a deste britânico, a aprender português em São Paulo.
A Universidade Nacional de Timor Lorosae (UNTL) está à procura de 15 professores lusófonos para o ano letivo de 2012, em regime temporário e com permanência de pelo menos dez meses em terras timorenses – de fevereiro a novembro de 2012, com paragem em julho.
As candidaturas podem ser feitas até 11 de janeiro. Consulte o edital.
Depois do lançamento e após um trimestre dedicado à remediação de algumas falhas técnicas, a Ciberescola da Língua Portuguesa, na sua secção Cibercursos, retomou a produção de recursos para professores de português língua não materna: trata-se de ficheiros PDF que o professor pode descarregar num minuto e levar para a aula. As fichas de exercícios e os textos da antologia (textos adaptados ao nível de proficiência e com glossário) estão organizados por temas e competências, podendo o professor fazer com eles o alinhamento que entender. Mas o professor pode também socorrer-se dos guiões de aula, onde sugerimos percursos de ensino, tendo por base os exercícios interativos disponibilizados em toda a Ciberescola (cerca de 1000).
Os últimos materiais a entrar na base de dados foram uma biografia de Sérgio Godinho e uma ficha sobre o uso dos clíticos.
Aproveitamos para agradecer a todos os que nos ajudaram na testagem dos exercícios interativos da Ciberescola. Solicitamos que o continuem a fazer através do endereço de correio elétrónico: Ana.Martins@ciberduvidas.pt
Com a massificação do dispositivos de leitura digital, é mais do que seguro que o mercado de e-books venha a florescer. Enquanto isso não acontece, no Brasil campeia-se na produção deste novo suporte de leitura. As vantagens são conhecidas: é uma solução barata e ecológica e liberta o consumidor das cadeias tradicionais de acesso aos livros. Também para os oftalmologistas é bom, pois a leitura digital cansa muito a vista.
Mas, enfim, o que importa, verdadeiramente, é ler a metro, a rodos e à larga.
Neste dia, damos destaque ao artigo do linguista Sirio Possenti e, enfim, ao seu continuado trabalho de divulgação, na imprensa, de teorias e produtos em linguística. Desta vez, trata-se de uma elaboração sobre a Teoria da Argumentação na Língua, de Oswald Ducrot, e a possibilidade de trabalhar fora do quadro formalista, com o mesmo grau de rigor e objetividade que dentro dele. Na parte final do artigo, Possenti mostra as aplicações possíveis dessa teoria na leitura crítica dos textos dos media.
«A crise que Portugal vive também tem reflexos na linguagem. Expressões novas entram todos os dias no nosso quotidiano. Antes da crise sabíamos que existia dívida pública mas porventura nem todos saberíamos que existia dívida soberana!», salienta Paulo Barata. A dívida não só é soberana como é monumental: 150 mil milhões de euros, 90% do PIB.
1. Fica em linha um excerto do texto A Voz do Mar, lido por Vergílio Ferreira em 1991, na cerimónia em que lhe foi atribuído o Prémio Europália (Bruxelas). Trata-se de um discurso manifestamente de afirmação da língua portuguesa como reflexo da cultura de um povo cuja identidade é indissociável do mar. Destaca-se daí uma frase lapidar – «Da minha língua vê-se o mar» – que, pela sua carga simbólica, figura na página inicial do sítio da Embaixada de Portugal em Luanda, sobressaindo como marca de assertividade poética com que é introduzido o discurso da conferência sobre o «Lançamento da Estratégia Europeia para o Atlântico» (novembro 2011).
2. Ontem como hoje, as críticas do Pe. António Vieira continuam válidas: «Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afectado, um estilo tão encontrado a toda a arte e a toda a literatura?» É mais um texto que entra em O Nosso Idioma.
3. Tema do último programa Língua de Todos de 2011 [sexta-feira, 30/12, às 13h15, na RDP África (com repetição no dia seguinte, às 9h15*)]: uma conversa com o diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o brasileiro Gilvan Müller de Oliveira, a propósito do colóquio internacional sobre a língua oficial da CPLP nas diásporas africanas e europeias. E deve dizer-se «vende-se casas», ou «vendem-se casas»?
3. No dia seguinte, primeiro dia do novo ano de 2012, no programa Páginas de Português [domingo, 1/01, 17h00* na Antena 2]: «É preciso criar algum desconforto em quem recebe o subsídio, faz uns ganchos e se socorre de todo o tipo de almofadas sociais». «Nervosismo dos mercados». «Stress da economia». «Flexibilidade das leis laborais». «Pobres» versus «economicamente débeis». Ou, ainda, o «subsídio de reinserção social», que passou a denominar-se «rendimento mínimo garantido». Alguns dos eufemismos e dos malabarismos semânticos que, nestes tempos de crise e de austeridade, dominam o discurso mediático em Portugal. Facilitam ou, antes, dificultam, e distorcem, a visão da realidade que nos rodeia? A abordagem da linguista Margarita Correia. Destaque, ainda, para o recém-editado livro Português, Língua e Ensino, de Isabel Duarte e Olívia Figueiredo.
4. Depois da interrupção, no período do Natal e do fim de ano, o consultório do Ciberdúvidas volta às suas atualizações diárias no dia 2 de janeiro. Até lá, ficam os nossos renovados votos de boas festas a todos os amigos da língua portuguesa.
* Hora oficial de Portugal continental.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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