Os alunos das escolas públicas do Brasil vão ter quase um mês para serem inscritos na 3.ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, um evento bienal organizado pela Fundação Itaú Social e pelo Ministério da Educação do Brasil. O prazo de inscrição, que terminaria em 25 de maio, foi prorrogado até 22 de junho. Na última edição, em 2010, mais de 140 mil professores inscreveram os seus alunos, totalizando cerca de 7 milhões de estudantes de 60 mil escolas públicas localizadas em quase todos os municípios do país, e os 152 finalistas das diversas categorias receberam as suas medalhas das mãos do então presidente Lula da Silva.
Nas respostas deste dia, e a propósito do oriente e de terras do Índico aonde os portugueses chegaram no século XV, pergunta-se aqui se haverá um gentílico para designar os naturais ou residentes das cidades indianas de Bombaim e de Madrasta.
Muitos são os casos geradores de dúvida na construção dos enunciados, mas maiores são as hesitações quando se acumulam questões inerentes à sintaxe e à conjugação dos verbos, núcleo da ação da frase: a regência, implicando a presença de preposições (que nem sempre podem sofrer a contração/crase com o artigo que se lhes segue) e de infinitivo (flexionado ou não); a gramaticalidade da recorrência ao gerúndio; a adequação das formas tónicas na conjugação com pronomes; os casos de exceção que, fruto da ênclise pronominal, requerem alterações às formas regulares (quere-a e quere-la), assim como a atenção necessária à relação entre a sintaxe e a semântica dos verbos portugueses (dar trabalho vs. dar-se ao trabalho).
Por isso, a atualização do consultório se centra na complexa área das estruturas verbais.
No Brasil, o projeto Rock Educativo (do compositor Marcelo Darcini), lançado pela Banda Sujeito Simples, apresenta músicas que têm como tema a língua portuguesa — como, por exemplo, o substantivo, os pronomes pessoais, o advérbio, a preposição, a crase, etc. Uma forma agradável de se encarar o estudo do idioma.
A existência de massivo a par de maciço e a dicionarização de bué poderão ser vistas como atos de capitulação, ou de infração das normas? Significa isto que poderemos ouvir o presidente da República dizer que a presente crise é «bué difícil»? Leia a reflexão em torno destas duas palavras e, também, do termo alcoolemia.
Outros destaques das respostas deste dia são a semântica de vítima e da expressão «mexer com», assim como a gramaticalidade de «foi-o».
«Estou confuso com» ou «estou confundido com…» e «Fantasiado pode ser também adjetivo?», questões que remetem para a particularidade de cada caso da sintaxe dos verbos, em que a ocorrência de dois particípios (irregular e regular) gera dúvidas sobre o seu uso e a ambivalência como adjetivos.
A flexão e a classe das palavras são os outros temas em foco: conetores e conjunções, nomes e adjetivos, determinantes e pronomes, advérbios e verbos.
Tal como na vida em sociedade, a ordem (e a posição) dos constituintes na frase não surge por acaso, conferindo cada posição um determinado sentido aos elementos do enunciado. Por isso, os pronomes e os advérbios estão em foco neste dia.
Relativamente aos pronomes: não é arbitrário o uso de qualquer forma pronominal, pois está intimamente relacionado com a respetiva função na frase; a hifenização das formas verbais conjugadas com pronomes, como marca distintiva de outras formas verbais graficamente semelhantes; a colocação pronominal nas formas de futuro e nas locuções verbais.
Quanto ao advérbio: a sua posição determina, também, a relação com os constituintes da frase.
A fonética, a pronúncia das palavras, determina a sua acentuação, assim como a identificação das sílabas de uma palavra com o digrama qu- (gerador de posições controversas), outros temas da atualização do consultório.
Neste dia, damos destaque a perguntas sobre nomes e lugares. Qual a origem geográfica de Nabaes? Qual a forma dos nomes de dois famosos arquipélagos gregos do mar Egeu? E Rua da Dubadoura é mesmo assim que se escreve?
«Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?», «Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia lá fica», tal como tantos outros provérbios, mantêm-se vivos na realidade da língua deste século XXI como testemunho do reconhecimento de verdades da sabedoria popular. A ida à fonte, o cântaro e o rabecão, atividades e utensílios que se perderam, não perdem o sentido que lhes confere a atualidade, servindo como referência de experiências de outros tempos que servem como modelos de vida.
O léxico não deixa de marcar presença, mostrando as dúvidas sobre o uso de termos semelhantes — julgo, jugo e julgamento —, assim como as questões entre o emprego do acento agudo e do grave.
Morrer de fome, não há dúvida de que é um caso complexo não só na vida real como na análise da estrutura frásica, funcionando como um todo e não como realidades isoladas. Mas essa já não é a situação de outra expressão preposicionada — «por Tomar». E onde se encontra o pressuposto e o subentendido numa frase tão clara como «Amigo verdadeiro é aquele que está sempre a seu lado»?
Semântica, léxico, ortografia e sintaxe são, assim, os temas das respostas deste dia.
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