Continuamos a colocar respostas a perguntas que ainda não tinham sido analisadas, desta vez sobre a utilização do verbo integrar para descrever atividades num currículo profissional, no Brasil e em Portugal. E fica também em linha este texto, da autoria da jornalista Alexandra Carita, no semanário Expresso, sobre os números mais recentes de falantes e de utilizadores do português na Internet, pelo mundo fora.
Os erros de português têm uma geografia própria, acompanhando a variação linguística.
Isso mesmo está retratado em Ensaboado & Enxaguado – Língua Portuguesa & Etiqueta, de José Carlos de Almeida, a primeira contribuição de Angola na abrangente bibliografia sobre os erros mais frequentes da língua portuguesa, onde se pode tirar a dúvida sobre «suar ou assoar o nariz» ou «lagrimar e lacrimejar».
Teolinda Gersão, na réplica a Maria Helena Mira Mateus, insurge-se contra o saber e o poder dos linguistas: «Vivemos há décadas no enorme equívoco de que "os linguistas é que sabem, por isso o poder é deles." (O que te deve parecer tão óbvio, que nem dás conta da imensa arrogância do teu artigo). Mas é altura de o país – se assim quiser – dizer basta.»
Talvez poucas áreas científicas tenham ganhado tanta antipatia em Portugal como a linguística – o que só por si daria um estudo linguístico. Vale a pena, por isso, antes de avançar para arena, procurar saber um pouco, ainda que superficialmente, sobre o que andam a fazer os linguistas. (Apresenta-se abaixo a tradução livre dos slides principais.)
Sabes, há dois tipos de linguistas
Tipo 1: Os linguistas que falam muitas línguas
e que adquirem frequentemente protagonismo na ficção científica.
Tipo 2: O cientista da língua.
Nós estudamos a pronúncia,
estudamos a escrita,
estudamos palavras e histórias de palavras,
estudamos línguas antigas,
estudamos novas formas de comunicação,
estudamos o discurso do professor,
e a escrita dos alunos,
estudamos a comunicação bem sucedida,
e a menos bem sucedida.
A maioria dos linguistas
não é composta por nazis da língua.
Pensem em nós mais como hippies da língua.
Nós somos aqueles que ficam mesmo excitados quando nos debruçamos sobre um p aspirado, ou sobre a história de uma palavra, ou sobre o uso de "Dude" (no inglês) como uma forma neutra usada em cumprimentos.
MESMO EXCITADOS
Portanto, dê um abraço ao linguista.
Ele, provavelmente, vai precisar.
A classificação da estrutura «como sendo» é uma nova resposta que fica em linha desde esta data, reformulada entretanto em relação a uma sua anterior versão. Oportunidade para o seguinte esclarecimento a quantos consultam o Ciberdúvidas e a ele recorrem, regularmente, para elucidação das mais variadas questões à volta da língua portuguesa e aqui encontram, não raro, diferentes análises e perspetivas gramaticais.
Sempre que tem sido caso disso – em temas não só gramaticais, como é a continuada querela à volta do Acordo Ortográfico –, acolhemos esses diferentes pontos de vistas na área especificamente sinalizada para esse tipo de abordagem, as Controvérsias. Com uma única ressalva: sendo também um espaço de debate – acolhendo por isso, também, a polémica, quando necessária e na “dose” q. b. –, o Ciberdúvidas não é propriamente um fórum de litigância linguística. Muito menos em termos deselegantes entre as partes e no confronto de ideias.
No caso de algumas mais recentes controvérsias, em que se defrontam diferentes análises da gramática da língua portuguesa, o pressuposto foi só um: o estudo dos factos da língua não é imutável. Terminologia e conceitos têm sofrido natural evolução ao longo dos tempos, e os estudos linguísticos refletem essa evolução. Acresce que sobre o mesmo assunto pode haver diferentes perspetivas, apresentadas em gramáticas e obras de outras línguas românicas.
A verdade, porém, é que quem, maioritariamente, recorre ao consultório do Ciberdúvidas para um melhor esclarecimento destes temas mais específicos – alunos e docentes de vários graus do ensino, especialmente de Portugal e do Brasil – quer e precisa de respostas consonantes com a terminologia e os conceitos seguidos nos atuais programas de ensino nos países de língua oficial portuguesa. Daí a referência, obrigatória, e incontornável, das principais gramáticas, manuais, programas oficiais e demais obras portuguesas e brasileiras por parte de quem responde no consultório do Ciberdúvidas.
Encontram-se já disponíveis as histórias produzidas pelos alunos de educação pré-escolar e 1.º ciclo do ensino básico, em Portugal, realizadas no âmbito da terceira edição do concurso Conta-nos uma história! – Podcast na Educação. As histórias, em formato áudio e vídeo, encontram-se disponíveis aqui.
O Ciberdúvidas está de férias e reabrirá o seu consultório em setembro, conforme se verifiquem as condições necessárias para o efeito. Não deixaremos, no entanto, de colocar em linha o que for considerado relevante sobre a língua portuguesa. É o caso desta nova resposta, atrasada, sobre a palavra performatividade, não atestada nos dicionários, nem nos vocabulários da língua portuguesa. Ou desta polémica, iniciada com um artigo sarcástico, no jornal "Público", da escritora Teolinda Gersão sobre a nova terminologia linguística nos ensinos básico e secundário, em Portugal.
A disponibilização de uma verba suscetível de assegurar a continuidade do Ciberdúvidas foi anunciada nesta quarta-feira, em Lisboa, pelo Gabinete do Secretário de Estado da Cultura. Transcrevemos, a seguir, o comunicado do gabinete do secretário de Estado Francisco José Viegas:
«O Gabinete do Secretário de Estado da Cultura [garante] a disponibilização de uma verba que permitirá assegurar a continuidade do portal Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, dedicado ao esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, criado há 15 anos e com 2,5 milhões de visitas por mês. O apoio destina-se a cobrir os custos relacionados com o funcionamento do portal, propriedade de uma associação sem fins lucrativos.
«Para o secretário de Estado da Cultura, "o Ciberdúvidas e o seu criador, o jornalista José Mário Costa, prestam um trabalho de inexcedível dedicação à causa pública, à língua portuguesa e aos portugueses, desde há década e meia. Trata-se de um projeto meritório como poucos, e assegurar a sua continuidade enquadra-se integralmente na nossa missão, naquilo que diz respeito à promoção e defesa da Língua".
«[...] além de dispor de um consultório para respostas às questões levantadas pelos leitores sobre ortografia, fonética, etimologia, sintaxe, semântica e pragmática, [o Ciberdúvidas] reúne ainda rubricas como uma antologia de textos de escritores de língua portuguesa de todos os tempos e espaços de debate, opinião e consulta no campo cultural do espaço lusófono, sendo acedido por visitantes de todas as partes do mundo, muito em particular dos países de língua oficial portuguesa.»
Ver mais aqui e aqui.
A rede de ensino de português no estrangeiro terá no próximo ano letivo mais alunos, mas menos cursos. Ainda assim, o secretário de Estado de Portugal que tutela o ensino de português no estrangeiro através do Instituto Camões garante que se conseguiu «manter a resposta às necessidades da rede tradicional».
A rede «tradicional» do EPE inclui os cursos de português integrados nos sistemas de ensino locais e os cursos associativos e paralelos em países como a Alemanha, Espanha, Andorra, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Reino Unido, Suíça, África do Sul, Namíbia, Suazilândia e Zimbabué. Ler notícia completa aqui.
Neste dia em que, na Assembleia da República portuguesa, a comissão parlamentar de Educação recebe alguns membros do Ciberdúvidas para apurar as dificuldades atuais deste projeto, com parte da atividade suspensa por falta de financiamento, damos a conhecer a interpelação do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda ao secretário de Estado da Cultura, no passado dia 6 de julho, sobre este mesmo assunto.
Os alunos portugueses que realizaram exames de Língua Portuguesa, no 9.º ano, e de Português, no secundário, revelam dificuldades no uso da língua materna, conclui o relatório sobre os Exames Nacionais de 2011, publicado pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), do Ministério da Educação e da Ciência. No que diz respeito ao secundário, a média nacional dos resultados das provas de Português em 2011 foi de 9,6 valores (numa escala de 1 a 20).
Analisando os grupos de questões em que os alunos obtiveram piores resultados, o Gave recomenda que é preciso “reforçar a intervenção didáctica” nas áreas da escrita, leitura e funcionamento da língua. (Ler a notícia completa aqui.)
Entretanto, saíram os resultados dos exames de 2012: em Língua Portuguesa e Matemática do 9.º, a média foi apenas de 53%.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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