Há dias em que fico completamente curvado com as palavras por dizer
e trepo por elas como uma escada
e deixo-as voar como música
com receio de que enferrujem as cordas que as sabem tocar.
Assim escreveu Amadeu Ferreira (1950-2015) em "Dues lhénguas"/"Duas línguas", transformando em poesia a experiência do bilinguismo. O poema, no qual se reveem certamente todos os que, desde a infância, falam duas línguas (às vezes mais), passa a estar disponível, quer no original em mirandês quer na sua tradução em português, na rubrica Diversidades, como tributo à memória deste autor, falecido em 1/03/2015, cuja biografia acaba de ser lançada em Lisboa:
O Fio das Lembranças – Biografia de Amadeu Ferreira (Âncora Editora), de Teresa Martins Marques.
No consultório, avalia-se a pertinência do neologismo "excecionamento" no discurso administrativo e jurídico; salienta-se o sentido pejorativo do regionalismo balcória; apresenta-se um caso de apagamento da preposição antes de pronome relativo; fala-se de complemento do nome a propósito de «fazer uma peregrinação a Santiago de Compostela»; e dão-se indicações sobre a pronúncia da palavra bauxita, variante brasileira de bauxite.
Também o Páginas de Português de domingo, 8/03 (às 17h00*, na Antena 2), se associa às homenagens prestadas a Amadeu Ferreira. Sobre esta emissão e sobre o programa Língua de Todos (sexta-feira, 6/03, às 13h30*, na RDP África; com repetição em 28/02, às 9h10*), mais informação aqui.
* Hora oficial de Portugal continental, ficando também disponível via Internet, nos endereços de ambos os programas.
Uma rápida chamada de atenção para o colóquio internacional Autres marges – La vitalité des espaces de langue portugaise (Outras margens – A vitalidade dos espaços de língua portuguesa), promovido pela delegação em Paris da Fundação Calouste Gulbenkian, em 9 e 10 de março, para marcar a comemoração do cinquentenário da presença desta instituição na referida cidade. O encontro reúne na capital francesa investigadores de Portugal, Brasil, Moçambique, Cabo Verde e França, com o objetivo de pensar «como é que mundo lusófono pode ser um espaço de abertura e de exemplo de trocas culturais», conforme declara um dos membros do comité científico do colóquio, José Manuel Esteves, titular da cátedra Lindley Cintra na Universidade Paris Ouest-Nanterre.
Recordamos que a Ciberescola da Língua Portuguesa e os Cibercursos, apoiando o estudo da língua portuguesa (materna e não materna), continuam a produzir materiais de acesso gratuito e organizam cursos individuais para alunos estrangeiros (Portuguese as a Foreign Language). Informações no Facebook e na rubrica Ensino.
Renovamos o apelo SOS Ciberdúvidas no sentido de viabilizar o serviço aqui prestado há 18 anos, aberto a todos quantos desejam saber mais sobre as normas e os usos diversificados da língua portuguesa. A quem pretenda enviar um donativo, pedimos o favor de seguir as instruções indicadas aqui.