1. É tão grande a expetativa à volta das eleições presidenciais norte-americanas de 8 de novembro p. f., que, segundo o jornal Público, Barack Obama já terá dito que «tudo o que era normal em política americana deixou de o ser». É este o cenário de uma questão sobre o anglicismo «dog-whistle politics», expressão que a candidata Hillary Clinton já empregou para criticar o concorrente Donald Trump e o seu característico discurso, geralmente ruidoso. Sabemos que «dog whistle» equivale a «apito para cães», ou, mais precisamente, «apito ultrassons» ou, ainda, «apito ultrassónico», ouvido apenas por cães e gatos; e os eleitores, quem entre eles entende os subentendidos de uma política... «de apito canino»? Outras duas perguntas completam a atualização do consultório: qual a origem do apelido Carmona? Será correto dizer «da da» numa frase como «gosto de história política, sobretudo da da América»?
2. As eleições nos EUA foram também o tema glosado pelo humorista português Bruno Nogueira, na sua rubrica Mata-Bicho, da Antena 1, deste dia com uma referência mais sarcástica ao primeiro debate televisivo entre os candidatos Hillary Clinton e Donald Trump: «Decidi assistir ao debate na CNN, porque na SIC Notícias estava o [comentador] Nuno Rogeiro. E 90 minutos de Nuno Rogeiro conseguem ser os únicos 90 minutos pior passados do que com o [comentador desportivo] Freitas Lobo.» Escorregadela do humorista e do autor dos seus textos: antes de particípios passados, o comparativo do advérbio mal é «mais mal», e não pior. Portanto, para Bruno Nogueira, a transmissão da SIC seriam os «mais mal passados» 90 minutos que ele podia desejar...
[Cf. Mais mal ou pior? + Mais mal / pior? + «As "mais piores"»?!.. + «Pior» e «mais mal» + “ranking” + Fala-se pior + O bicho-papão «mais bem»]
3. A respeito dos programas que o Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa:
– A língua portuguesa é falada em São Tomé e Príncipe por mais de 95% da população; no entanto, no arquipélago fala-se ainda o forro, o angolar, o tonga e o monco. Desde o século XV, depois da descoberta pelos Portugueses e após o povoamento, o país tem assistido ao desenvolvimento do português. Estaremos a assistir ao despontar de uma nova variedade da língua? O Língua de Todos de sexta-feira, 30 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 1 de outubro, depois do noticiário das 9h00*), entrevista o professor Tjerk Hagemeijer e a investigadora Rita Gonçalves, ambos do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
– A língua portuguesa em Angola encontra-se em franco crescimento e em desenvolvimento. Em contacto, durante séculos com as línguas locais, em especial as de origem banta, o português tem vindo a adquirir uma particularidade e tem vindo a divergir da variedade europeia. Para discutir a situação linguística de Angola e a situação da língua portuguesa no que respeita à sua variação, o Páginas de Português de domingo, 2 de outubro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), falou com o professor angolano Paulino Soma Adriano.
* Hora oficial de Portugal continental.