Quando o verbo está no pretérito perfeito estamos na presença de um adjunto adverbial temporal com valor de localização temporal, como é o caso das frases a) e c). Nestes casos, estamos na presença de enunciados que nos dão uma localização no tempo, ou seja, de quando se deu a ação. Quando o verbo está no presente do indicativo estamos na presença de um adjunto adverbial temporal com o valor de duração, como é o caso da frase b). Neste exemplo, o enunciado dá-nos informação relativa à duração da ação.
A propósito do valor de duração e de localização dos adjuntos adverbiais temporais veja-se a Gramática do Português – Fundação Calouste Gulbenkian, pp: 560-577.
No que se refere à utilização da partícula que nos enunciados que apresenta, esta pode ou não ocorrer em todos eles quando a frase é introduzida por «há quinze dias»/«há um ano». No entanto, quando a frase é introduzida por outra expressão, como se verifica em c), a partícula que não é obrigatória. Nota-se que nos enunciados introduzidos por adjuntos adverbiais temporais com valor de duração, a utilização da partícula que é obrigatória.
a) Há quinze dias, a Joana zangou-se com a Rita. (valor de localização)
I. Há quinze dias que a Joana se zangou com a Rita.
II. A Joana zangou-se com a Rita há quinze dias.
b) Há um ano que estudo o português. (valor de duração)
I. Estudo (o) português há um ano.
II. * Há um ano estudo português.
c) Comecei a estudar o português há um ano. (valor de localização)
I. Há um ano (que) comecei a estudar o português.