A expressão «uma dita» não é uma unidade de medida, mas uma forma de retomar uma palavra já proferida em discurso (oral ou escrito).
Veja-se, como exemplo, o excerto da biografia de José Maria Correia Costa Frias, datada de 1884 (Almeida Pinto, Galeria Photographica Luzo-Brazileira):
«Hoje dispõe este estabelecimento de dois prelos mecânicos, um dito a braço, uma platina (Liberty), uma dita à mão, uma máquina de picar talões, uma dita de pautar, uma dita de apertar, uma dita de fazer curvas, um numerador duplo, e um motor a gás. Foi na sua oficina que, por mais de uma vez se fabricou a moeda, papel do Banco do Maranhão, tal era o crédito e confiança, que merecia o seu proprietário, que era ao mesmo tempo o operário.»
Neste excerto, verifica-se que «um dito» retoma a palavra prelo, e, entre as várias ocorrências de «uma dita», a primeira reporta-se a platina, e as restantes, a máquina.
Refira-se que este uso de «uma dita» parece afim de expressões semelhantes noutras línguas próximas do português. Assim, relativamente ao francês, o dicionário Le Nouveau Petit Robert de la Langue Française (Éditions Le Robert, 2009) regista a expressão dito (do latim dictu, particípio passado de dicere, «dizer») com valor adverbial e atestações a apartir de 1723, época em que era usada principalmente em linguagem comercial para evitar a repitação de uma palavra mencionada anteriormente, significando «já dito», «já mencionado», «idem». Em inglês, os dicionários incluem a forma ditto, que significa «a mesma coisa novamente» ou, usado informalmente, marca a repetição de uma situação pouco antes referida em discurso.