DÚVIDAS

Como distinguir uma oração completiva de uma oração relativa sem antecedente

Gostava que alguém me pudesse esclarecer numa dúvida em relação a orações. Ando no 9.º ano.

Tenho tido muitas dificuldades em conseguir distinguir orações subordinadas substantivas completivas e relativas sem antecedente. Será que alguém pode ajudar-me a distingui-las melhor?

Resposta

O tema a abordar não é fácil porque há contextos em que os dois tipos de oração se confundem, mas vamos procurar evidenciar a diferença.

Uma oração completiva segue-se geralmente a um verbo ou a uma locução verbal e desempenha a função de sujeito ou de complemento direto na frase em que esse verbo ocorre:

1. «Sei [QUE é tarde].»

2. «É sabido [QUE é tarde].»

Nos exemplos apresentados, a palavra que é um elemento de ligação (trata-se de uma conjunção) entre um verbo e o resto da frase, que é uma oração que lhe completa o sentido: em 1, a oração «que é tarde» tem a função de complemento direto; em 2, essa oração é sujeito, visto o verbo se encontrar na voz passiva. A parte da frase que começa por que pode ser substituída por «isso», conforme o teste utilizado em 4:

3. «Sei isso.»

4. «É sabido isso.» = «Isso é sabido.»

Note-se que, em 4, neste caso, a completiva que é substituída tem a função de sujeito de «é sabido». Ao usarmos o pronome isso, convém que este apareça à cabeça da frase, visto ser essa a ordem mais habitual com sujeitos por expressões formadas por substantivos ou pronomes (isso é um pronome demonstrativo).

Passando ao outro tipo de oração, é preciso notar que uma oração relativa sem antecedente é introduzida por um pronome relativo, geralmente quem ou o que:

5. «[QUEM vai ao mar] perde o lugar.»

6. «Detesto [QUEM se arma em esperto].»

7. «[O QUE fizeste] está errado.»

8. «Não percebi [O QUE disseste].»

Nos exemplos 5 e 6, quem pode ser substituído por «a(s) pessoa(s) que»; nos exemplos 7 e 8, o que é substituível por «aquilo que».

Note-se que a palavra que, no começo de uma oração completiva, não pode ser substituída pelas expressões «a(s) pessoa(s) que» e «aquilo que», como se pode comprovar se procedermos a essa substituição nos exemplos 1 e 2, a seguir repetidos:

1´ «Sei *[a pessoa que é tarde].»

2´ «É sabido *[aquilo que é tarde].»

O resultado é agramatical, como assinala o asterisco (*).

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