Em nome do Ciberdúvidas, agradeço as suas palavras estimulantes.
Em português, verifica-se a mesma preferência que se associa à voz passiva no espanhol:
«Na linguagem oficial usa-se a voz passiva ou voz reflexa com valor de passiva, porque as determinações legais dirigem-se a uma massa passiva orientada superiormente por um órgão activo, que se adivinha sempre presente: o Estado. Assim se justifica o carácter impessoal dessa linguagem, para a qual valem, mais que as pessoas, os actos praticados por elas. Para exemplo, veja-se o art.º 529.º do Código Administrativo Português: "Sempre que um funcionário administrativo deixe de comparecer ao serviço durante cinco dias, depois de expressamente ter manifestado a sua intenção de abandonar o cargo, será pelo seu imediato superior hierárquico levantado auto de abandono do lugar." Não se diz o seu superior levantará», porque punha em evidência a pessoa do funcionário, quando o que mais importa acentuar é o acto, a função» (M. Rodrigues Lapa, Estilística da Língua Portuguesa, Coimbra Editora, 179, p. 190).