É correcto dizer-se tanto «Todos tínhamos os papéis em ordem» (em que está implícita a ideia e a presença subentendida do pronome nós como parte do sujeito — «Todos nós») — o que pressupõe que tal enunciado seja dito por alguém que pertença ao grupo representado por «Todos» — como a frase com o predicado na 3.ª pessoa do plural «Todos tinham os papéis em ordem», em que é feita a concordância com «todos», referindo-se a «todos eles».
É de referir que um dos comportamentos de todos, enquanto quantificador universal (tal como ambos), se distingue pelo facto de poder «ser seguido de pronomes pessoais» (Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa, 5.ª ed., Lisboa, Caminho, 2003, p. 359) — assim como por poder ser «seguido de artigo definido ou de demonstrativo» (idem, p. 358) —, o que determina a concordância do predicado com o respectivo sujeito.
Assim, podem ocorrer frases como:
«Todas essas maçãs estão verdes.»
«Todas elas estão verdes.»
«Todos os rapazes ficaram no cinema.»
«Todos eles ficaram no cinema.»/«Todos ficaram no cinema.»
«Todos nós ficámos no cinema.»/«Todos ficámos no cinema.»
«Todos nós fizemos parte dessa equipa.»/«Todos fizemos parte dessa equipa.»
«Todos vós sentistes o mesmo receio que nós.»
«Todos sentistes o mesmo receio que nós.»
Portanto, a pessoa da forma verbal do predicado corresponde ao pronome pessoal (explícito ou implícito/subentendido) que especifica o sujeito «todos».