Já aqui nos temos referido aos problemas levantados pelo uso de artigo com topónimos. Há realmente variação quer regional quer a nível de registo, e não conheço estudos sistemáticos que expliquem certas oscilações no tempo entre a perda ou a adição de artigo. Assim:
1. Espanha, França, Itália e Inglaterra
Em português europeu, o uso da preposição com artigo envolve informalidade ou maior familiaridade com esses países, muito embora se aprecie na variedade brasileira uma maior tendência a usar estes nomes de países com artigo, mesmo em situações formais. Note-se que, excepto em títulos, não é corrente, na ausência de preposição, usar estes nomes sem artigo: «A Inglaterra fez um ultimatum a Portugal» (e não *«Inglaterra fez um ultimatum a Portugal», a nao ser, por exemplo, no título de uma notícia)
2. Burgau, Ponta Delgada, Lagoa
Em relação a Burgau, o uso local e tradicional é com artigo («praia do Burgau»), até porque burgau é também substantivo comum que significa «cascalho de seixos e pedras miúdas, misturados com areia» (Dicionário Houaiss). As ocorrências do uso do topónimo Burgau sem artigo não indicam maior antiguidade do que o uso com artigo.
Quanto a Ponta Delgada, continua a usar-se sem artigo («em Ponta Delgada»), não obstante o nome ter origem num substantivo comum (ponta). E sobre o topónimo Lagoa, já aqui foi feita referência.