Parece-me que o consulente está a confundir duas situações diferentes: a da pluralização de nomes não-contáveis e a pluralização de nomes próprios.
Substantivos como água e paciência não admitem plural — são os chamados não-contáveis. Água só assume a forma de plural mudando de significado para designar um tipo ou uma certa qualidade dessa matéria («águas de mesa» = «marcas/qualidades de água de mesa»). Paciência, por seu lado, é incompatível com o plural, a não ser que designe um passatempo («fazer paciências»); não é, pois, permitido *«o João e a Maria têm grandes paciências», na leitura psicológica de paciência.
Quanto aos nomes próprios, é possível pluralizá-los se a finalidade for referir vários indivíduos com o mesmo nome, como é o caso de «Joões» na frase «Quantos Joões estão na sala?». Em relação aos nomes que referem organizações e instituições de diferente natureza (religiosa, política, desportiva) ou marcas comerciais, a pluralização indicia uma metonímia, transferindo-se a sua aplicação para os membros dessas organizações ou para os itens dessa mesma marca comercial. Assim, os "Jeovás" é uma designação de tom depreciativo que designa os membros das Testemunhas de Jeová; os "Nokias" são os telemóveis da marca Nokia.