Maria Helena de Moura Neves, no Guia de Uso do Português (São Paulo, Editora Unesp, 2003), estabelece as seguintes regras em relação a fazer quando indica tempo:
«Fazer é verbo impessoal, isto é, não tem sujeito, e, portanto, fica no singular, na terceira pessoa, quando indica:
— tempo decorrido, ou seja, tempo passado a partir de um determinado momento (sinônimo de haver). — FAZ trinta anos que deixei minha pequena cidade do interior. [...]
— temperatura ou condições de tempo. — Já àquela hora da manhã FAZIA calor. [...]
Se houver um verbo auxiliar (como estar, ter, poder, dever, etc.) junto do verbo fazer usado nessas acepções, esse auxiliar faz parte da construção impessoal, e, portanto, também fica na terceira pessoa do singular. — Está FAZENDO cinco meses, desde que os outros morreram. [...]»
Pedimos também a Ida Rebelo um comentário sobre a expressão em apreço:
«Trata-se de orações sem sujeito:
- haver — na acepção de «existir, acontecer, realizar-se».
-
Há muita gente querendo participar.
Houve um acidente na avenida.
Houve uma grande passeata na Rio Branco.
Há muitos anos que eu não vou a Lisboa. - fazer, ser e estar — na acepção de tempo transcorrido ou tempo relativo ao fenômeno da natureza.
Faz dias que não o vejo.
Era tarde quando o caminhão chegou.
Estava um verão maravilhoso. Fez dias lindos. - Verbos que expressam fenômenos da natureza. Os chamados verbos defectivos: chover, nevar, ventar, gear, trovejar, relampejar, anoitecer, etc.
«Está chovendo canivetes.»
Exemplo:
Vai fazer vinte anos que me formei.»
A frase correcta é, portanto, «fez dias frios neste Inverno», do mesmo modo que se diz «houve dias frios neste Inverno».