Sempre os canais temáticos TV [em Portugal] e desta vez as traduções incríveis do inglês. Do Biography:
«Ficámos (os actores) muito satisfeitos pela escolha de Sean Connery porque se tratava de um grande… jogador[!].»
Absolutamente escandaloso, senhores de uma coisa que se intitula Pim-Pam-Pum, Gravação e Produção Áudio.
Aqui não há qualquer dúvida: player, «intérprete, actor», preferindo-se actor, e também «jogador» em inglês.
Gostaria de saber se podem ajudar-me a saber quem escolhe os manuais escolares, pois sinto-me revoltada com erros básicos de gramática da língua portuguesa no livro do 1.º ano da minha filha. Mais ainda, porque a senhora professora mostra-se despreocupada com a correcção dos erros do manual na aula, e eu, por outro lado, acho que a língua já está tão maltratada, que, ao menos na aprendizagem, deveria ser defendida rigorosamente nesses manuais. Nem sei como é possível estes supostos autores desconhecerem coisas tão básicas e escreverem livros! Dou um exemplo de erro a que me refiro: «Depois do Luís apagar a vela do bolo...». Retirado de outro manual, também utilizado na mesma turma: «Onde se podem colher pêssegos?». E agora pergunto eu: onde pode reclamar-se?
Obrigada.
Continuo sem saber porque continuam a ser ignoradas as mulheres na literatura, em especial, muitas do séc. XIX e XX (até meados). Sabem porquê?
Uma professora de Literatura Portuguesa numa Universidade de Tóquio, que sabe muito da nossa literatura portuguesa, principalmente contemporânea, é de opinião que há mais mulheres com valor na actual literatura do nosso país. Escrevi já 8 biografias só de escritoras que não constam no Dicionário de Literatura de Jacinto do Prado Coelho, editado pela Figueirinhas do Porto. Aguardo a actualização para serem publicadas. Gosto do vosso "site", que só descobri hoje.
[Ainda acerca das observações de Luciane Vasconcellos], eu acho que o português ainda consegue resistir mais um século. Embora tenhamos aumentado o número de sítios em português na Internet, é pena não fazermos um maior esforço para a mundializar mais. É uma língua com muitos milhões de falantes, e podíamos aproveitar esse facto, investindo mais na tradução, tal como fazem vários países do Norte europeu que têm línguas isoladas. Mas o que falta realmente é vontade de união do português.
Em Portugal, o inglês está ganhando mercado, ultrapassando o francês, o que é uma lástima. E penso que as pessoas usam certos termos ingleses só para se exibirem.
Cf. História do inglês em 10 palavras + As dificuldade da tradução + Breve história do Inglês
Os meus sinceros parabéns pela sua nota sobre Contracções. Nunca é demais apontar e reprovar este erro tão comum.
Há erros que podem deixar de ser erros, porque uma boa parte da ortografia é de natureza convencional, e por isso pode evoluir, mas este não é desses. Nunca deixará de ser erro, nem que toda a gente o faça, porque vai contra a lógica das coisas: a preposição refere-se a uma coisa (a oração), o artigo refere-se a outra (o nome), logo não podem contrair-se.
Fez também muito bem em apontar o dedo aos seus colegas revisores dos jornais, que deixam passar a asneira. Isso é muito comum. Possivelmente alguns apenas fazem a revisão com o "spelling" e assim deixam passar a asneirada que o computador não detecta. Mas, sendo revisores, têm obrigação de ver o erro e corrigi-lo.
Mas há pior. Os próprios revisores das editoras de livros deixam passar este erro em barda, como se nada fosse. Se tivesse um bocadinho, não seria mau apontar o dedo também a estes.
Nunca a mão lhe doa.
*Carta publicada no Semanário "Sol" a propósito da crónica "Contrações".
As minhas saudações, acompanhadas de felicitações e agradecimentos pelo V.trabalho nesta rubrica tão útil como necessária.
Em relação à elaboração de requerimentos [Cf. Requerimento, aqui no Correio, com data de 03/11/2003] (e eu faço muitos, por dever de ofício), sempre considerei – contrariamente ao que se vê na prática – que, no fecho, não deveria colocar-se a data, precedendo a assinatura do requerente. Ou seja, parece-me mais lógico que a assinatura deste venha imediatamente a seguir ao seu pedido de deferimento.
Peço desculpa pelo tempo tomado, mas gosto de ler e debater tudo quanto diga respeito à língua pátria.
Antes de mais, queria dar-vos os parabéns pelo vosso excelente "site". Podem também informar os vossos patrocinadores/parceiros CTT e Vodafone de que o facto de estarem associados ao Ciberdúvidas lhes dá uma excelente reputação e visibilidade, logo, não devem desistir de vos apoiar.
A minha sugestão é que, à semelhança de outros "sites", desenvolvam um canal RSS para podermos ver as respostas mais facilmente.
Muito obrigado.
Nas respostas (creio que apenas dos especialistas portugueses), creio não fazer muito sentido que, nas palavras onde as grafias portuguesa e brasileira diferem, se indique entre parêntesis as duas opções. Para além de dificultar a leitura, é informação redundante e que em nada contribui para a compreensão do enunciado. Há palavras para as quais há duas grafias, é tudo. Se sou portuguesa, escrevo de uma forma. Se sou brasileira, escrevo de outra. Parece-me simples. Vejamos um exemplo com o inglês europeu e o norte-americano: será que escrever "colo(u)r" é mais claro do que escrever "colour" ou "color"? A mim parece-me que não, bem pelo contrário, é mais confuso e até se presta a confusões. Há casos em que os parêntesis dentro das palavras são necessários, como por exemplo em "qual(is)" ou "professor(a)". Guardemo-los pois para quando são necessários, a bem da (boa) comunicação.
A propósito de uma douta opinião do Sr. Dr. F.V.P. da Fonseca, permito-me acrescentar alguns esclarecimentos que me parecem pertinentes para uma resposta adequada à "ciberdúvida" apresentada.
Para esse efeito, transcrevo um modesto artigo da minha autoria, publicado num jornal local:
Escoteiro ou escuteiro?
Todos diferentes, todos iguais.
Ultimamente tem surgido, nas páginas deste jornal, em artigos escotistas, a expressão "escoteiro" - assim mesmo, com um "o" - em vez do mais vulgarizado "escuteiro", com "u".
Afinal, qual delas está certa? Estão as duas, como adiante veremos.
Para isso, temos de contar um pouco da história do movimento escotista em Portugal:
Em 1911, surgia em Portugal o primeiro grupo de "boy-scouts", organizado segundo os princípios delineados por Lord Baden-Powell, o fundador do movimento escotista. Porque a adopção do estrangeirismo não agradou aos mentores do grupo, foi adoptada uma palavra já existente na língua portuguesa, com uma fonética e um significado muito semelhantes ao scout saxónico: escoteiro, (s.m.) pioneiro; aquele que viaja sem bagagem, gastando por escote; adj. leve; veloz.
Assim, em 1913 foi fundada a primeira associação escotista portuguesa, a A.E.P. - Escoteiros de Portugal, que, até hoje, mantém a grafia original.
Na década de 20, a Igreja Católica idealizou criar outra associação escotista, mas com carácter uniconfessional, destinada exclusivamente aos jovens que professavam a religião Católica Romana. Assim nasceu o "Corpo de Scouts Católicos Portugueses", mais tarde "Corpo Nacional de Scouts". Por desconhecimento da pronúncia inglesa, a expressão "scout" era pronunciada à maneira francesa: "secúte". E, embora com outro desfecho, a história repetiu-se – os responsáveis daquele movimento católico tentaram encontrar uma palavra portuguesa que soasse ao ouvido de uma maneira próxima de "secúte" e com um significado ajustável. Escolheram o "escuta", justificando que, para além da semelhança fonética, o "scout" era atento e observador e, por isso, se adequava ao significado da palavra. Apesar de ser um conceito muito redutor veio a vingar, dando origem ao "Corpo Nacional de Escutas".
Durante o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, a AEP sobreviveu com grandes dificuldades, sendo considerada indesejável e apenas tolerada. Chegou mesmo a ser publicado um Decreto que extinguia a sua actividade nas chamadas "Províncias Ultramarinas". Entretanto, o CNE, sob os auspícios da Igreja, atingiu uma notável expansão e, felizmente, conseguiu manter acesa a chama escotista durante a longa noite da ditadura. Enquanto o "escotismo" definhava, o "escutismo" foi-se tornando cada vez mais conhecido dos portugueses.
No entanto, até meados do século, é mais frequente encontrar a grafia "escoteiro" em livros e jornais portugueses. Curiosamente, esta é uma das questões onde nunca houve consenso nos diversos acordos ortográficos. Os brasileiros sempre escreveram "escoteiro".
Esta diferenciação nunca foi objecto de polémica, até porque os escoteiros consideram-se irmãos entre si e os valores da fraternidade escotista estão muito acima de meros preciosismos etimológicos. Pelo contrário, os escoteiros até consideram vantajosa a existência das duas grafias, pois assim se torna muito mais fácil identificar a que associação pertence o adepto dos ideais de Baden-Powell.
(...)
Gostaria de saber se o texto Perguntas à Lingua Portuguesa é realmente do Mia Couto, pois pretendo utilizá-la na epígrafe de minha tese de doutorado sobre os estados periféricos. Se a resposta for afirmativa, como vocês me orientam a citá-lo, já que ele parece não fazer parte de uma obra?
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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