DÚVIDAS

As histórias que o Canal de História (Portugal) nos conta
Quando das campanhas de Alexandre, o Grande, sobre a cidade de Tiro (Fenícia), o Canal de História [Portugal] não está para meias-medidas: atribui às muralhas da cidade a altura de 150 metros. O tradutor passou de 150 pés (confirmado na Internet) para os inconcebíveis 150 metros. Mesmo que o pé valesse diferentemente do inglês quando Alexandre (séc. III a. C.) a assediou, andaria por 40 a 50 metros, o que, sendo muito notável (compare-se com o Castelo de São Jorge), não se configura impossível. Pode dizer-se que, mais uma vez, o Canal de História meteu os pés… pelos metros.
Mais uma do National Geographic (Portugal)
O locutor situou a erupção do Vesúvio a 79 antes de Cristo, o que é, quanto a mim, inegavelmente bárbaro. O episódio deu-se em 79 d. C. sob o reinado do imperador Tito, que sucedeu ao pai, Vespasiano, nesse mesmo ano. Em 79 a. C. foi a morte de Sila (adversário político de Mário), tendo a República Romana sobrevivido por mais 50 anos aproximadamente. O primeiro imperador foi César Augusto (27 a. C.–23 d. C.) tendo-se-lhe seguido: Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Otho, Vitélio e Vespasiano (deificado em 79 d. C.). Tito em 70 faz cair Jerusalém. O que aconteceu?Muito simples: vou pôr-me a adivinhar. O impagável tradutor do National Geographic viu escrito (ele pode garanti-lo) 79 a. C. e, sem hesitar, escreveu no guião aquela data. O locutor tão ignorante quanto ele, lê, evidentemente, 79 antes de Cristo.E pronto!Qualquer aluno do 1.º ano de Inglês sabe que B. C. = before Christ e A. C. = after Christ.Saberá a National Geographic (uma entidade reputada) em que mãos caiu a sua correspondente (cliente, filial, ou o que quer que seja) em Portugal? Respondo sem titubear: não sabe, nem sonha.Eu, por mim, como consumidor, tenho o direito de exigir qualidade aos canais temáticos; por sua vez, Ciberdúvidas tem o dever, que advém da sua qualidade científica e da proclamada incumbência de defender a Língua Pátria, de fazer seguir reparos como este a quem de direito. Que assim seja entendido de uma vez para sempre.
A estranguladora da hora
No programa Prós e Contras [de 11 de Junho de 2007], na RTP 1, Fátima Campos Ferreira fez uma má acção: estrangulou a hora. Disse que, por medo, os emigrantes portugueses na Holanda, que lhe tinham assegurado o testemunho, não compareceram «à última da hora». A tortura começou pelas 22h54, mas como a hora tinha ficado a estrebuchar, deu-lhe mais um apertão, que definitivamente a matou pelas 23h16. Deve dizer-se «à última hora». Cuidado com a língua.
Pelas hiperligações em português
Antes, de mais, muitos parabéns pelo vosso precioso site. Escrevo para deixar registado um daqueles, infelizmente, numerosos casos, em que alguns portugueses preferem utilizar "software" em inglês quando existe versão em português. É caso para dizer: com amigos/falantes assim, a língua portuguesa não precisa de inimigos... O caso a que me refiro é tão mais gravoso quanto é cometido por uma entidade pública, sob a alçada do Ministério das Finanças. Neste site é indicado, a quem não disponha do Acrobat Reader, para o descarregar de: http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.htmlOra, não lhes custava nada ter introduzido esta outra hiperligação: http://www.adobe.com/pt Se as entidades estatais são as primeiras a atacar a nossa língua (sim, porque, intencionalmente ou não, trata-se de um acto que vai contra a língua), tentemos cada um de nós fazer alguma coisa por ela. Saudações cordiais.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa