Esta é uma pergunta interessante sobre a qual gostaria de tecer algumas considerações antes de escrever a resposta propriamente dita...
O que me pede são conceitos da área da variação linguística (onde se incluem, entre outros, os estudos sociolinguísticos e dialectológicos). Alguns desses conceitos – como o de “norma”, “fala popular” ou “registos” – não foram introduzidos na gramática agora; na verdade eles já vêm de há muito tempo, da época em que as gramáticas eram normativas, pouco mais do que manuais do "bem falar". O que é relativamente recente é o estudo desses conceitos. Desde William Labov, um conhecido sociolinguista do século XX (ainda vivo), que a variação e a mudança linguísticas começaram a ser objecto de investigação. Ele foi, de facto, o grande pioneiro nos estudos variacionistas. No Brasil, muitos são os investigadores que, na senda de Labov, se têm debruçado sobre trabalhos na área da variação linguística, sobretudo em sociolinguística (recorrendo a análises com base no sexo, na idade ou na escolarização dos sujeitos). Em Portugal, pelo contrário, os estudos variacionistas têm recaído mais na área da dialectologia.
As Línguas variam e variam no espaço, no tempo, nos grupos sociais, dependendo dos interlocutores a quem nos dirigimos, dependendo da nossa disposição, enfim, as Línguas são sistemas e, como tal, possuem uma dinâmica que lhes é própria.
Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, mostram bem essa fascinante variabilidade a que as Línguas estão sujeitas: «A utilização social da faculdade da linguagem, criação da sociedade, não pode ser imutável; ao contrário, tem de viver em perpétua evolução, paralela à do organismo social que a criou».
E agora aqui vai o esquema, com as respectivas e possíveis explicações:
Norma culta – relacionado com a noção do "correcto"; variedade de uma Língua, falada pelas pessoas que possuem um grau de instrução superior/académico. A ela ligam-se noções sociais (discutíveis) como a de "prestígio". O Português veiculado nos meios de comunicação social é o Português da norma culta.
Fala popular – uso da Língua, ligado à falta de escolaridade dos sujeitos falantes.
Ex.: Eu sube que tu estivestes/você esteve doente.
Amanhã fazerei um bolo.
Dialecto – variedade espacial de uma Língua. Os dialectos da Bahia, o do Nordeste, o Alentejano, o Açoriano são dialectos, quer do Português do Brasil, quer do Português Europeu.
Registo – ligado ao nível de língua utilizado no discurso. Pode ser coloquial/informal/familiar se os interlocutores partilharem alguma intimidade e familiaridade, ou formal, se houver algum constrangimento social entre os interlocutores.
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