Há, com efeito, alguns registos de usos da locução de base adverbial «logo que» com valor condicional.
Destacamos aqui a proposta da investigadora Ana Cristina Macário Lopes, que tem analisado de forma profunda o funcionamento e valor de diversas conjunções / conectores / marcadores discursivos no português. No seu artigo «Contributos para uma análise dos valores temporais e discursivos de 'logo'»1, analisa o funcionamento de logo em diferentes contextos e deixa uma nota a propósito de «logo que», que aqui se transcreve:
«Refira-se de passagem que no corpus em apreço surgem também algumas construções de subordinação em que o conector logo introduz uma oração cujo verbo se encontra no conjuntivo. Veja-se o exemplo «Logo que a mecânica esteja boa, […] isso vai-se arranjando» […] Nestes contextos, logo que comuta com desde que, no caso de, se. Ao interagir com o modo conjuntivo, a locução "logo que" activa uma leitura condicional.»
Em síntese, ocorrências da locução «logo que» com o verbo no modo conjuntivo podem gerar uma leitura de conexão de valor condicional.
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1. Ana Cristina Macário Lopes, «Contributos para uma análise dos valores temporais e discursivos de 'logo'». in Faria, I. H. (ed.) Lindley Cintra. Homenagem ao Homem, ao Mestre e ao Cidadão. Ed. Cosmos, 1999, pp. 433-443.