Está correto o uso do verbo prometer nas duas frases, porque um dos seus valores/sentidos é, precisamente, «dar sinais de bom ou mau futuro, de boa ou má produção», o que implica a possibilidade de previsão de situações positivas ou negativas.
Repare-se que esse verbo é usado para designar «predizer, anunciar, asseverar, certificar», o que está associado a «oferecer probabilidades ou esperanças de», a «obrigar-se a fazer ou a dar», assim como a «fazer prometimento ou promessa».
Ora, se analisarmos os valores de prometer e de ameaçar, apercebemo-nos de que um e outro verbo implicam algo que se prevê, que se pretende fazer, entrando no domínio do previsível. É certo que ameaçar e ameaça transportam a ideia negativa de «prenúncio de mal», de «advertência», do que sobressai a imagem de «intimidar» ou «amedrontar», denunciando as marcas de agressividade de um discurso que pretende ser violento.
No entanto, os dois verbos têm em comum o valor de «anunciar um facto iminente». Ameaçar não deixa dúvidas de que pretende evidenciar a imagem de perigo iminente, ao passo que prometer pode indiciar algo agradável como desagradável. Se fizermos a análise da 1.ª frase — «Mineiros sul-africanos prometem greve generalizada» —, verificamos que o ato de greve pode ser encarado como algo positivo (associado à coragem pela decisão de reivindicação, à união dos trabalhadores em defesa de uma causa comum) ou negativo (como ato de rebelião, de subversão contra a ordem instituída).
Fontes: Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2004 e 2010; Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001.