A sequência «de que» pode corresponder a:
i) preposição + pronome relativo
«Este é o filme de que te falei.»
ii) preposição + conjunção integrante
«Falei-te de que gostava de a conhecer.»
iii) preposição + pronome interrogativo
«De que falas?»
Em todas estas construções, o uso da preposição de está de acordo com o português-padrão, uma vez que o verbo falar, nestes contextos, rege a preposição de. Este facto torna-se mais claro se tivermos como complemento do verbo falar um pronome como isso: dizemos «falei-te disso», mas não «*falei-te isso».
Observa-se, no entanto, com bastante frequência no discurso dos falantes, a supressão da preposição de (mas também de outras) antes do que pronome relativo, ou do que conjunção integrante. Vejam-se, novamente, os exemplos apresentados em i) e ii), mas agora com supressão da preposição:
iv) «Este é o filme que te falei.»
v) «Falei-te que gostava de a conhecer.»
O fenómeno ilustrado em iv) tem-se denominado estratégia de relativização cortadora (a preposição é “cortada”), e ao que ocorre em v), queísmo.
Apesar de estas estruturas não serem reconhecidas pela norma da língua, elas têm vindo a generalizar-se, sendo que em alguns contextos os falantes preferem estas estruturas às canónicas, que consideram pouco naturais.
Um fenómeno inverso ao queísmo é a inserção indevida de uma preposição (normalmente de) antes de uma oração completiva ou integrante. Este fenómeno tem sido denominado dequeísmo. Veja-se um exemplo de uma frase em que este problema ocorre (o * indica que a frase não é aceitável):
vi) *«Penso de que poderíamos ter sido campeões.»
Ao contrário das construções exemplificadas em iv) e v), que já vão sendo aceites por alguns instrumentos de normalização da língua e que, segundo alguns autores, poderão indiciar uma mudança em curso na língua, as construções de dequeísmo são vistas como marginais, como estruturas não estabilizadas e, por isso, não devem ser reconhecidas como construções aceitáveis do português-padrão.